“O imperativo da autenticidade produz uma compulsão narcísica. O narcisismo não é idêntico ao saudável amor-próprio, que não tem nada de patológico. O amor-próprio não exclui o amor pelo outro. O narcisista, em contrapartida, é cego frente ao outro. O outro é dobrado até que o ego se reconheça nele. O sujeito narcisista percebe o mundo apenas como sombras de si mesmo. A consequência fatal: o outro desaparece.
Hoje, as energias libidinosas são investidas sobretudo no eu. A acumulação narcisista da libido-pelo-eu leva à desconstrução da libido-pelo-objeto; ou seja, da libido que ocupa o objeto. A libido-pelo-objeto produz uma ligação-com-o-objeto, que, em contrapartida, estabiliza o eu. O represamento narcisista da libido-pelo-eu adoece.”
HAN, Byung-Chul.A expulsão do outro: Sociedade, percepção e comunicação hoje. Ed. Vozes, 2022, Local 363-368.
Terror da autenticidade