O Santo Sudário

“Artista algum teria jamais podido imaginar todas as minúcias dessas imagens, das quais cada uma reflete um detalhe daquilo que sabemos hoje sobre a coagulação do sangue, mas que se ignorava no século XIV. Mesmo hoje, nenhum de nós seria capaz de executar tais imagens sem cometer algum engano.

Foi este conjunto homogêneo de verificações, sem um único deslize, que me decidiu, de acordo com o cálculo das probabilidades, declarar que, sob o ponto de vista anátomo-fisiológico, a autenticidade do Santo Sudário é uma verdade científica.

A História

(…)

Que destino lhe deram os apóstolos? Apesar da natural repugnância própria a judeus, para os quais tudo o que toca a morte é impuro, sobretudo um pano manchado de sangue, é impossível admitir que não tivessem recolhido com todo cuidado esta relíquia da Paixão do Homem-Deus. É necessário admitir também que a esconderam cuidadosamente. Deviam protegê-la da destruição por parte dos seguidores da jovem Igreja. (…) não se podia pensar em propô-la à veneração dos novos cristãos, ainda imbuídos do horror dos antigos pela infâmia da cruz. (…)  só nos séculos V e VI é que veremos os primeiros crucifixos que, resto, aparecem ainda um tanto disfarçados. Só nos séculos VII e VIII é que ele se espalham um pouco. Não será senão no século XIII que se difundirá a devoção à Paixão de Cristo.”

BARBET, Pierre. A Paixão de Cristo, segundo o cirurgião. São Paulo: Edições Loyola, 2014, pág. 19-21.

 

Na Cruz

“Em seguida, deitaram-no sobre a cruz, pregaram-lhe as mãos na trave superior horizontal e os pés num apoio de madeira da trave vertical, enquanto outro carrasco também fixava um pedaço de madeira entre as suas pernas, aliviando-lhe o peso do corpo para não rasgar-lhe as mãos. Depois ergueram a cruz com o seu corpo já pregado e a colocaram na abertura do solo, ficando os pés à altura de uma jarda do chão. Outros dois condenados também foram crucificados em torno de Jesus, os quais se lamentavam sob os mais lúgubres gemidos na sua dor lancinante, porém, não lhe dirigiram a palavra conforme consta nos evangelhos.”

RAMATÍS. O Sublime Peregrino. Obra psicografada por Hercílio Maes. São Paulo: Ed. Conhecimento, 2020, pág. 388.

 

O Dia de Sexta-Feira

“Embora o motivo real que levou Jesus à morte fosse de natureza religiosa, além de julgado pelo Tribunal Sagrado do Sinédrio, a verdade é que o Sumo Sacerdote colheu provas e material suficiente para culpá-lo sob as leis romanas e assim crucificá-lo por um crime de Estado. A lapidação, o estrangulamento ou sacrifício na fogueira eram processos de punição aos que se rebelavam contra a Lei mosaica. Mas a cruz era um suplício romano destinado a punir escravos, rebeldes, criminosos, ladrões ou conspiradores, o que lançava a ignominia sobre a vítima. O Sinédrio poderia sentenciar quanto à lapidação e depois conseguir a confirmação do Pretório de Roma para executá-la; mas os procuradores romanos, em geral, fechavam os olhos a essas questões religiosas dos judeus, deixando-os algo livres para agirem conforme sua lei. Era um assunto particular e Roma saía mais beneficiada a morte de mais um judeu, mesmo porque isso era providência dos próprios patrícios.

Aliás, algum tempo depois da morte de Jesus, foi lapidado Estêvão, um dos seus seguidores, sob a custodia de Saulo de Tarso; e isso fora feito sem qualquer consulta à Procuradoria de Roma. Porventura, não havia o paradoxo de se lapidar as mulheres adulteras, na rua, o que se fazia de imediato e sem a autorização dos romanos? Mas Hanan, o verdadeiro mentor da tragédia do Gólgota, alma vil e vingativa, demonstrou a Caifás que Jesus, rabi da Galileia, era um fascinador de multidões, aceito e reverenciado como um “reformador religioso”, judeu. Em consequência, se ele fosse lapidado pela sentença do Sinédrio, deixaria um rasto de encanto sentimental entre o povo e forte motivo para a reação no seio dos seus próprios asseclas. (…) Assim como tantas vezes tem acontecido na história do mundo, ponderava Hanan, em breve Jesus seria transformado num mártir para execração dos seus patrícios algozes. (…) Em consequência, morto o chefe do movimento cristão, nem por isso seriam liquidadas as suas ideias. Era preciso evitar a auréola messiânica que se formaria em tomo do “Salvador” de Israel, pois a multidão é versátil e muda rapidamente por um simples gesto que a encanta ou por uma palavra que a comove.”

RAMATÍS. O Sublime Peregrino. Obra psicografada por Hercílio Maes. São Paulo: Ed. Conhecimento, 2020, pág. 370-371.

 

Coincidências

“No nariz, nota-se uma dupla ferida, assim como uma deformação da borda, ocasionada provavelmente por uma ruptura ou deslocamento da parte cartilaginosa (fig. 9). Os joelhos, por sua vez, revelam cortes e escoriações. O esquerdo apresenta uma ferida maior.

É muito provável que uma queda de bruços tenha provocado essas lesões. Imaginemos as condições em que o homem do Sudário foi levado ao local do suplício: com as mãos atadas ao travessão horizontal da cruz; extremamente debilitado em consequência da flagelação, dos socos e pontapés, etc.; vestido com uma túnica em que era fácil ter pisado, na posição inclina da que o peso da cruz o obrigava a adotar.”

ESPINOSA, Jaime. O Santo Sudário. São Paulo: Quadrante, 2017, pág. 39.

Deu Vida às Palavras

“Enquanto sofria na Cruz os mais cruciantes padecimentos físicos e, ao mesmo tempo, a mais torturante humilhação, Ele deu vida às palavras que se destinavam a robustecer a fé que Seus discípulos depositavam nos ensinamentos por Ele pregados, no cumprimento de uma das maiores promessas que lhes fizera.”

LEWIS, H. Spencer. As Doutrinas Secretas de Jesus. Rio de Janeiro: Biblioteca Rosacruz, V. II, Ed. Renes, 1983, p. 122.

Aparência Diferente após Ascensão

“A grande modificação que se processara na aparência pessoal de Jesus depois da ascensão do Espírito Santo quando Ele ainda estava na cruz, fez com que muitos que conheciam sua aparência física e aura espiritual não O reconhecessem quando O viram trajando vestes diferentes, de simples Essênio, no tempo que passou na Galileia.”

LEWIS, H. Spencer. A Vida Mística de Jesus. Curitiba, PR: AMORC, 2001, p. 253-254.

Jesus Não Estava Morto?

“A tempestade começou, retardando a remoção do corpo de Jesus por algumas horas, mas Ele recebeu alimento e bebida, e foram colocados suportes sob Seu corpo para evitar que os cravos que O torturavam rasgassem ainda mais a Sua carne. Os poucos fiéis notaram com grande ansiedade que uma sombria quietude e entorpecimento se mostravam no corpo de Jesus e que aos poucos Ele ia perdendo a consciência. Assim que foi possível, quando a tempestade amainou, foram trazidas tochas e o corpo foi examinado, revelando que Jesus não estava morto. O sangue que fluía das feridas era prova de que o corpo ainda tinha vida; a cruz foi imediatamente baixada e o corpo removido. O corpo foi levado para um jazigo de propriedade de José de Arimatéia, supostamente construído para uso de sua família. Como era um homem rico, o jazigo era elaborado e muito bem feito. O corpo foi colocado em um local especial do túmulo, previamente arrumado para este fim, e então terapeutas ligados à Fraternidade Essênia prestaram toda assistência possível no tratamento das feridas de Jesus.”

LEWIS, H. Spencer. A Vida Mística de Jesus. Curitiba, PR: AMORC, 2001, p. 242.

A Condição de Cristo

“É bastante claro, pelo que sabemos da história do Batismo contida nos Evangelhos cristãos, que a descida do Espírito Santo foi a infusão da autoridade sagrada e do Divino poder no corpo de Jesus, completando Sua preparação e levando ao ponto máximo Seu perfeito como Filho Divino de Deus, Avatar e Cristo vivente. Foi a reversão deste processo que ocorreu na cruz, a retirada do Espírito Santo e da condição crística, no momento da culminação de Sua breve missão, e do fim de Sua condição de Cristo.”

LEWIS, H. Spencer. A Vida Mística de Jesus. Curitiba, PR: AMORC, 2001, p. 240.

Punição Romana

“Um ponto notável com relação à crucificação de Jesus está no uso da cruz. Este pormenor nos confirma que Roma ordenou Sua morte, que a punição foi romana e não judia, pois os judeus, O teriam apedrejado, conforme era o costume, caso tivessem desejado livrar-se Dele por qualquer motivo (…).”

LEWIS, H. Spencer. A Vida Mística de Jesus. Curitiba, PR: AMORC, 2001, p. 231.

A Cruz e a Paz

“A cruz do Salvador do Mundo, apesar do comportamento dos seus sacerdotes, é um símbolo vastamente mais democrático do que a bandeira local.

A compreensão das implicações últimas –  e críticas –  das palavras e símbolos de redenção do mundo da tradição cristã foi de tal modo deturpada, ao longo dos tumultuosos séculos que nos separam da declaração de guerra – feita por Santo Agostinho – da Civitas Dei contra a Civitas Diaboli, que o pensador moderno, desejoso de saber o significado de uma religião mundial (isto é, de uma doutrina do amor universal) deve voltar-se para a outra grande (e muito mais antiga) comunhão universal: a comunhão do Buda, na qual a principal palavra é a paz – paz pra todos os seres.

Os seguintes versos tibetanos, por exemplo, de dois hinos do poeta-santo Milarepa, foram compostos mais ou menos na época em que o papa Urbano II pregava a Primeira Cruzada:

“No seio da Cidade da Ilusão dos Seus Planos do Mundo, O Principal fator é o pecado e a ignorância nascidos das más obras;

Ali, o ser seguido dita as preferências e aversões, E jamais chega o momento de conhecer a Igualdade: Evitai, ó filho meu, as preferências e aversões.

Se realizardes o Vazio de Todas as Coisas, a Compaixão surgirá em vossos corações;
Se abandonardes todas as diferenciações entre vós mesmos e os outros, sereis dignos de servir aos outros;

E quando, no serviço dos outros, encontrardes sucesso, a mim encontrareis;

E me encontrando, alcançareis a Condição de Buda.”

Campbell, Joseph. O herói de mil faces. Pensamento, São Paulo, 2007, p. 152-152.