“Artista algum teria jamais podido imaginar todas as minúcias dessas imagens, das quais cada uma reflete um detalhe daquilo que sabemos hoje sobre a coagulação do sangue, mas que se ignorava no século XIV. Mesmo hoje, nenhum de nós seria capaz de executar tais imagens sem cometer algum engano.
Foi este conjunto homogêneo de verificações, sem um único deslize, que me decidiu, de acordo com o cálculo das probabilidades, declarar que, sob o ponto de vista anátomo-fisiológico, a autenticidade do Santo Sudário é uma verdade científica.
A História
(…)
Que destino lhe deram os apóstolos? Apesar da natural repugnância própria a judeus, para os quais tudo o que toca a morte é impuro, sobretudo um pano manchado de sangue, é impossível admitir que não tivessem recolhido com todo cuidado esta relíquia da Paixão do Homem-Deus. É necessário admitir também que a esconderam cuidadosamente. Deviam protegê-la da destruição por parte dos seguidores da jovem Igreja. (…) não se podia pensar em propô-la à veneração dos novos cristãos, ainda imbuídos do horror dos antigos pela infâmia da cruz. (…) só nos séculos V e VI é que veremos os primeiros crucifixos que, resto, aparecem ainda um tanto disfarçados. Só nos séculos VII e VIII é que ele se espalham um pouco. Não será senão no século XIII que se difundirá a devoção à Paixão de Cristo.”
BARBET, Pierre. A Paixão de Cristo, segundo o cirurgião. São Paulo: Edições Loyola, 2014, pág. 19-21.