A Imagem no Sudário – Forense

“A explicação para a aparente ausência de pescoço é que, durante a suspensão na cruz, a cabeça fica presa entre os ombros, com movimentos limitados para os lados e de frente para trás, o que foi confirmado em nossas numerosas experiências de suspensão.(…) Depois de uma morte violenta, o rigor mortis se inicia rapidamente (geralmente entre uma e duas horas depois da morte).

As pernas da mesma forma, as quais estavam em uma posição ligeiramente dobrada, manteriam o mesmo tipo de espasmo cadavérico e o subsequente rigor mortis antes de a vitima ser descida da cruz. A diferença de altura entre a imagem da frente e a de trás, sendo esta última um pouco maior, também apoia essa hipótese de rigor mortis.

(…)

Além disso, sob um ponto de vista forense, será mais provável que o desalojamento post mortem dos coágulos quando a coroa de espinhos foi removida tivesse causado um breve fluxo de sangue na testa durante os movimentos do corpo da cruz até o Sudário, com o subsequente fluxo da parte de trás da cabeça causando um padrão de encharcamento por causa do peso da cabeça contra o Sudário.

(…)

Há mais de cem impressões relativas a marcas de açoitamento no Sudário. É interessante saber que dois cientistas Lorre e Lynn, do Laboratório de Propulsão de Jatos de Pasadena, analisaram marcas de açoitamento criando um tipo de gradação de relevo usando seu IBM 360/65. Sua pesquisa propõe que houve duas direções sugerindo dois soldados romanos, em lados opostos da vítima (ou um soldado trocando de lado). Exames microscópicos das marcas revelam a presença de halos ao redor delas e fotografias ultravioleta fornecem mais detalhes. O exame desses halos revelou a presença de soroalbumina, que seria extremamente difícil forjar por causa do tamanho e da qualidade de marcas.”

ZUGIBE, M.D, Ph.D. Frederick T.  A Crucificação de Jesus: As Conclusões surpreendentes sobre a morte de Cristo na visão de um investigador criminal. São Paulo: MATRIX, 2008, pág. 212- 247.

Descrição do Sudário – Médico Legista

“O Sudário de Turim (Sindone, italiano ou Linceul, em francês) é um lençol de linho longo e desigual que exibe uma desconcertante imagem, frente e costas, de um indivíduo crucificado, a qual se acredita ser a de Jesus (Figura 12-1)

Figura: 12-1

Sudário de Turim (a) Frente, (b) Verso. O sudário como se fosse visto por meio de um negativo fotográfico. (Cortesia Barrie Schwortz).”

Shroud.com

As imagens da frente e das costas estão presentes porque o individuo crucificado foi deitado na extremidade de um longo e desigual lençol de linho que foi estendido no chão. A extremidade oposta do Sudário, então, foi passada por cima de sua cabeça, cobrindo o rosto e a parte da frente do corpo, como mostrado na pintura de G. Clovio, que foi reproduzida por G. B. della Rovere e agora está exposta na Galeria Sabauda (Figura 12-2).

Figura: 12-2

(…)

Pregado a todo o verso do Sudário encontra-se um revestimento de linho conhecido como Vestimenta Holandesa, que foi meticulosamente cerzido pelas freiras Pobres Claras depois do incêndio de 1532, em Chambéry, para dar suporte ao Sudário danificado.

O corpo no Sudário está nu e o homem é barbado e tem cabelo longo, com uma imagem nas costas que lembra um rabo (Figura 12-4).

Figura 12-4

Sudário de Turim, parte traseira, mostrando a parte de trás da cabeça. A visão do Sudário como você s observaria. Existem mais de 100 marcas de açoitamento, a maioria em formato de haltere. O padrão sugere fato de os soldados terem mudado de posição da o açoitamento. Filetes de sangue da coroa de espinhos são vividamente percebidos. (Cortesia de Barrie Schwortz.)

Na visão frontal, a área da testa mostra uma marca em forma de um “3” reverso no centro, com outros pequenos rastros no lado direito e esquerdo da testa e no cabelo, todos representando o sangramento causado pela coroa de espinhos (Figura 12-5).

Estudos feitos por Adler indicaram que a cor vermelha vista na microscopia é compatível com alguém que foi vítima de um trauma grave, devido aos produtos provenientes da decomposição dos glóbulos vermelhos, a saber, bilirrubina. (…) Sob fotografia ultravioleta fluorescente, todos os ferimentos mostram em torno de si um anel de retração de soro de albumina que seria completamente desconhecido para um falsificador. É importante notar que nenhuma imagem está presente onde existe sangue, indicando que a formação da imagem ocorreu depois que ele manchou o local, que a presença do sangue impediu a formação de imagem nessas áreas. (…) Nenhuma imagem estava presente nas fibras que continham sangue. Se isso fosse feito por mãos humanas, o artista teria que pintar todas as manchas de sangue com os halos de albumina nos ferimentos e fluxos de sangue, incluindo o sangue das marcas de açoitamento, usando sangue humano, e então pintar a imagem do corpo em torno delas, em suas localizações exatas, e eliminar imagens onde existisse sangue. Um processo complicado, sem dúvida.

O cabelo na imagem frontal está na frente e cobre as orelhas. É por isso, obviamente, que Lavoie acha que o homem do Sudário estava de pé quando a imagem se fez. Todavia, a explicação mais óbvia é que a cabeça estava curvada para a frente, porque não há espaço discernível referente ao pescoço, em razão da suspensão dos ombros, com a cabeça presa entre eles e dobrada para a frente. (…) Outra possível explicação para essa posição do cabelo vem do fato de que ele ficou saturado com o sangue, e a subsequente secagem das fibras capilares fixou-o nos dois lados do rosto, que um spray para cabelo o mantém rígido. Existe uma suspensão do mesma forma peito, que também é consistente com o rigor mortis que ocorreu durante 1 crucificação (Figura 12-6). A parte de trás da cabeça também está saturada com sangue (Figura 12-4). As sobrancelhas parecem estar inchadas e há um indício de que os cílios estejam cortados. A área abaixo do olho direito parece inchada, assim como a ponte do nariz, com uma linha na extremidade distal da ponte que é consistente com um deslocamento do osso ou da cartilagem, mas não uma fratura. Isso é confirmado por ampliação de imagem computadorizada VP-8, que mostra uma depressão na junção do osso/cartilagem (veja a Figura 15-2).

Figura: 12-6

O Sudário de Turim, visão frontal, abaixo dos ombros. A visão do sudário como você iria observar. Note o padrão de bifurcação no pulso. O  ferimento do peito na parte superior direita (à esquerda do remendo triangular) na verdade está no lado direito do peito. (Cortesia de Barrie Schwortz.)

As mãos estão cruzadas na região umbilical, no nível do quadril, a esquerda em cima da direita (lembre-se: os braços parecem estar rígidos, e as mãos cruzadas e a posição dos pés sugerem que eles estavam atados (veja as Figuras 12-1 e 12-6). Uma imagem bifurcada de coloração avermelhada está presente na mão esquerda, entre o pulso e a mão propriamente dita, representando o ferimento produzido pelo prego, Faltam ambos os polegares.

O lado direito do corpo contém uma imagem grande e avermelhada na região correspondente ao sexto espaço intercostal, representando o ferimento provocado pela lança. Ela se estende ao longo da lateral até as costas e contém uma separação de soro (veja as Figuras 12-4 e 12-6).

As costas, nádegas, pernas, peito e abdômen mostram evidências de bem delineadas marcas de açoitamento, muitas das quais se assemelhando a imagens em forma de haltere (veja as Figuras 12-4 e 12-6). (…) O ombro direito está mais baixo que o esquerdo, e imagens da região da escápula esquerda (lâmina do ombro) e do ombro direito sugere escoriações, que alguns investigadores acreditam estar relacionadas ao ato de carregar a cruz.

Há indicação de uma grande escoriação ou contusão na região do joelho esquerdo. As panturrilhas mostram um arredondamento natural. Um pé parece estar virado em direção ao outro. A área do pé revela a sola direita e o calcanhar, o que é indicativo de que os joelhos foram dobrados. (…) Somente o calcanhar esquerdo e várias imagens correspondendo à cravação estão presentes. A ausência de um pé parece ter sido causada pela intrincada forma como a vestimenta foi dobrada sobre ele.

Existem duas impressões lineares escuras com interrupções nos dois lados do Sudário, com quatro pares duplos de remendos brancos triangulares, que são os locais dos buracos de queimadura que foram meticulosamente reparados pelas Freiras Pobres Claras sob ordem de Carlos III, o Duque de Savoy, dois anos depois do incêndio que aconteceu na sacristia da Santa Capela de Chambéry, no dia 3 de dezembro de 1532.”

ZUGIBE, M.D, Ph.D. Frederick T.  A Crucificação de Jesus: As Conclusões surpreendentes sobre a morte de Cristo na visão de um investigador criminal. São Paulo: MATRIX, 2008, pág. 218-227.

Formação das Impressões no Sudário

“1°) Impressões sanguíneas- (…) Os vestígios sanguíneos da Mortalha não são, como as impressões corporais, imagens gráficas. (…) As impressões sanguíneas não são imagens, são decalques; foram formadas com sangue.

(…) Não! um coágulo formado sobre a pele nela se gruda e a mesmo seca.

(…) um coágulo nunca se forma dentro do corpo ou com mais exatidão, nas veias onde o sangue fica sempre líquido.

(…) O sangue (…) continua líquido nos cadáveres, onde fica alojado nas veias por ocasião da morte, as artérias, pelas últimas contrações dos ventrículos e própria elasticidade, vertem-se nos capilares e veias. Nas veias fica líquido por muito tempo, praticamente até a putrefação. E mesmo ali continua vivo durante algumas horas e suscetível de ser transfundido em um homem vivo.

Quando o sangue sai das veias por um ferimento e é recolhido em algum recipiente, pode-se ver como rapidamente se coagula, isto é, se condensa em uma espécie de geleia vermelha que se chama coágulo ou grumo. Este coágulo forma-se pela transformação do fibrinogênio, uma substância dissolvida no sangue, em outra substância sólida, a fibrina, que encerra em suas malhas os glóbulos sanguíneos. (…)A coagulação se produz em tempo muito curto, que não passa de poucos minutos. Depois, o coágulo se retrai e exsuda sua parte líquida, o sérum ou soro. Em seguida, pouco a pouco vai secando.

(…)

Que tenham sido produzidas por sangue líquido, parece muito pouco provável, com talvez uma única exceção: as hemorragias das chagas dos pés, durante o transporte e na estada no túmulo, que escorreram em direção aos calcanhares.

(…)

Alguns coágulos deveriam estar ainda bastante frescos para se conservarem úmidos. Será talvez o caso do grande coágulo anterior da chaga do coração, por causa de sua espessura. (…) A maior parte deste sangue saído pela chaga aberta deve ter caído ao chão, pelo caminho. Só a pequena parte que pôde atingir a pele por entre as pregas daquele pano torcido, e aí aderir por efeito de sua viscosidade, nela coagulou-se em sinuosidades múltiplas, característica do fluxo dorsal. Todos esses coágulos estavam, evidentemente, frescos quando depositaram o corpo sobre a Mortalha; de modo que foram decalcados muito facilmente, com abundância de soro em volta dos decalques.

(…) Convém ainda não perder de vista que o cadáver continuou a exsudar vapor de água por muito tempo. Com frequência se esquece que todas as células do cadáver continuam a viver por conta própria, tanto as da pele como todas as outras, e morrem individualmente, após intervalos diferentes. Se as células nobres, as células nervosas, são as mais frágeis, as outras sobrevivem bastante tempo; a morte total não começa a não ser com a putrefação.*

*Nota Pessoal: Processo de desencarne (cruzar com Ramatís e Kardec)

(…)

“Sobre a Mortalha não há sangue que tenha escorrido; só há coágulos decalcados, que representam a parte do sangue que se coagulou sobre a pele, ao escorrer sobre ela.”

(…) Quando se decalca um coágulo sobre um pano, e, em seguida, se descola, somente uma parte do coágulo permanece fixada sobre o pano, a outra fica sobre o suporte. Haverá, portanto, necessariamente furos e falhas nas imagens dos coágulos sobre o pano. Ora, os que ficaram no Santo Sudário estão perfeitamente intactos, inteiros, reproduzindo a familiar imagem de um coágulo normal.

(…)

Quando imprimi a 1ª edição de “Les Cinq Plaies”, fui à Escola Prática levá-la a meu velho amigo, professor Hovelacque, para que a lesse. Era ele um verdadeiro apaixonado pela anatomia, que ensinava na Faculdade de Paris, mas estava longe de ser um crente. Aprovou com crescente entusiasmo minhas experiências e conclusões. Quando acabou de ler, depositou o opúsculo e, meditando, ficou em silêncio por alguns momentos. Depois, explodindo de repente, com aquela bela franqueza que consolidara nossa amizade, exclamou: “Mas, então, meu velho?… Jesus Cristo ressuscitou!” Raramente em minha vida tive emoções tão profundas e tão doces como a provocada por essa reação de um incrédulo perante um trabalho puramente científico, do qual tirava ele mesmo as incalculáveis consequências.(…)

2°) Impressões corporais- (…) Esta pintura poderia ter sido feita o mais tardar no século XIV, quando reapareceu o Santo Sudário em Lirey. Será necessário repetir mais uma vez todas as impossibilidades que suscita tal hipótese? Esta pintura contém uma imagem negativa, concepção inimaginável até a relativamente recente descoberta da fotografia. (…) suas cópias que, de resto, têm grande semelhança com o original, apresentam em suas chapas fotográficas imagens positivas muito diferentes das do Sudário. Deve-se isto ao fato de que os claros-escuros do Sudário, constituídos negativamente, são de uma perfeição absoluta; e assim pintor algum consegue executá-la como o faz a natureza ou a objetiva fotográfica.”

BARBET, Pierre. A Paixão de Cristo, segundo o cirurgião. São Paulo: Edições Loyola, 2014, pág. 37-45.

 

 

Fotografias do Santo Sudário

“1°) Técnica – (…) Acrescentemos que, como era natural, estas fotografias não receberam retoque algum nem sofreram outro tratamento que o da revelação comum. Sem falar da consciência escrupulosa de meu amigo Enrie, o fato foi atestado, perante tabelião, por uma comissão de peritos em fotografia. (…)

2º) Resultados – (…) na chapa fotográfica, tudo que é imagem do corpo é nitidamente positivo, como costuma ficar a reprodução fotográfica comum sobre papel de cópia, quando se fotografou uma pessoa. Aqui se dá o contrário, já na própria chapa aparece o positivo, ao passo que a reprodução sobre papel de cópia é que nos fornecerá a imagem negativa (…) Logo, o corpo impresso no Santo Sudário é um negativo e tem todas as características de uma chapa fotográfica comum; todos os valores estão ali invertidos: o negro aparece branco, e o branco, negro. A única diferença é que o Sudário, imagem negativa, não apresenta sombra alguma projetada, como sempre se encontra em objetos normalmente fotografados.

(…)

(…) as impressões corporais são resultado de processo que, se for natural, como o julgamos, tem semelhança com o fenômeno fotográfico. As imagens sanguíneas, pelo contrário, foram feitas por contato direto, são decalques de coágulos, mas a isso ainda voltaremos.

3°) Conclusões- (Giuseppe Enrie)

a) A exatidão dos valores negativos da impressão é absoluta; as características desta imagem singular, que não foi feita por mão de homem, são exatas em todos os pontos, menos nas manchas de sangue.

b) A imagem está isenta do menor vestígio de tinta, de traços de pincel ou outros artifícios de desenhista ou de falsário.

c) O claro-escuro, distribuído em todas as partes, não tem traços nem pontilhados, mas sim esmaecimentos especiais e gradações insensíveis, que lembram os processos fotográficos.

d) As manchas de sangue, que são positivas sobre a imagem negativa do Redentor, estão, pelo contrário, nitidamente desenhadas e apresentam as características de impressão formadas por contato: oferecem por isso, em sua estrutura, irregularidades que evocam perfeitamente a natureza.

f) As partes correspondentes às sombras estão absolutamente isentas de impressão, porque deixam ver a tela intacta.

(…)

Não quero insistir sobre esta última conclusão. Peço ao leitor que contemple as imagens muito mais eloquentes do que a minha pena. Nesse rosto nitidamente semita, encontra-se, apesar das torturas e das chagas, uma tão serena majestade que dele ressalta uma impressão inexprimível.”

BARBET, Pierre. A Paixão de Cristo, segundo o cirurgião. São Paulo: Edições Loyola, 2014, pág. 34-37.

 

 

Descrição Geral do Tecido do Santo Sudário

“1°) O tecido- O Sudário é uma peça de linho de 1,10 m de largura por 4,36 m de comprimento.

(…)

Pode-se estudar à vontade a estrutura desse tecido, graças às fotografias em ampliação direta de Enrie, que fornecem uma superfície 7 vezes maior. Pode-se examinar em todos os seus detalhes, melhor do que sob a lupa; é o que têm feito peritos competentes na França e na Itália. Tem resultado, dessas perícias, que se trata de linho urdido em espinha de peixe”. A confecção de sua contextura: “3 liga 2”, necessita um tear de 4 pedais. Comporta, segundo Timossi, especialista de Turim, 40 fios por centímetro para a trama e 25 batiduras por centímetro. É uma tela de linho puro, cerrada e opaca, executada com fio grosseiro e de fibra crua. Isto é muito interessante, porque o exame fotográfico do tecido demonstrou que todas as imagens do Santo Sudário resultam de simples impregnação dos fios; impregnação esta que foi facilitada pela característica propriedade do linho de ser excelente absorvente.

(…)

Um tecido desta espécie está perfeitamente em seu lugar no tempo de Jesus. Tecidos análogos foram encontrados em Palmira e em Doura Europos. Parece mesmo que o lugar destas teceduras era a Mesopotâmia e, em particular, a Síria. Devia, portanto, ser encontradiço no comércio de Jerusalém no ano 30. Foram encontradas, em Antinoé peças de linho da mesma largura e sensivelmente mais compridas.

2º) As partes queimadas- (…) Estas partes queimadas estão circundadas por uma coloração ruiva, como a do traço de um ferro demasiadamente quente. Tinham elas estragado uma parte da tela em seu centro, partes estas que foram substituídas por peças novas: trabalho das Clarissas de Chambéry A água empregada para apagar o incêndio se espalhou pelo tecido, ocasionando um círculo carbonizado e produzindo largas zonas delimitadas, também elas em série simétrica, porém mediana.

(…)

3°) As dobras – (…) pode-se também ficar desconcertado, inicialmente, por certo número de traços transversais (negros sobre o positivo, porém brancos sobre os fac-símiles da chapa) que riscam as imagens. São simplesmente o resultado das dobras do tecido que se não conseguiu desfazer completamente, ao estendê-lo em sua moldura leve.

4°) As impressões do corpo – Na parte mediana da Mortalha podem-se notar perfeitamente dois corpos impressos, opostos pela cabeça, que, no entanto, não se tocam. Enquanto o primeiro retrata a imagem anterior de um corpo humano, reproduz o outro a imagem posterior. Na suposição de imagem produzida por um cadáver, a explicação é muito simples. O corpo foi deitado de costas sobre uma das metades do comprimento da mortalha, que foi, em seguida, dobrada por cima da cabeça sobre a face anterior do cadáver, até os pés. A miniatura de G. B. della Rovere (séc. XVIII) (fig. 1) representa perfeitamente esta manobra. (…) tendo o corpo impresso sua imagem sobre a Mortalha, deve esta estar invertida nas duas impressões.

Figura: 1 (Fonte da imagem: ofielcatólico.com.br)

(…) se olharmos um homem de pé, face a face, seu lado direito estará à nossa esquerda e vice-versa. (…)  A coloração sépia destas impressões é devida, já o dissemos, ao escurecimento individual de cada fio.

O conjunto revela uma anatomia perfeitamente proporcionada, elegante e robusta, de um homem que mede cerca de 1,80 m.

(…)

O que também chama a atenção no conjunto destas impressões corporais é sua surpreendente expressão de relevo. Não há um traço, um contorno, nem uma sombra sequer, e, no entanto, as formas surgem de modo estranho no fundo.

(…)

5°) As impressões sanguíneas – Estão espalhadas por todas as partes, a merecerem minuciosa análise: chagas da flagelação, da coroação de espinhos, de todas as sevícias do processo, do transporte da cruz, da crucifixão e até finalmente o ferimento produzido pela lança sobre o cadáver, que, em duas etapas sucessivas, lhe esvazia velas de todo sangue.

Todas estas impressões sanguíneas têm coloração muito especial, que sobressai sobre a sépia das do corpo. São carmíneas, tendendo um pouco para o violeta pálido, segundo Vignon.

(…)

Outra particularidade importante: enquanto sobre a impressão do corpo tudo está em claro-escuro, em gradação insensível, bordos imperceptíveis, os decalques sanguíneos têm limites muito mais precisos e parecem mesmo muito nítidos nas fotografias reduzidas. (…) são vistos, às vezes, envolvidos por uma auréola muito mais pálida por uma espécie de halo. Isto é devido, como o veremos, ao soro que transuda de um coágulo ainda fresco formado sobre a pele.

(…)

(…) O que imediatamente impressiona um cirurgião e que, em seguida, se confirma por estudo mais atento do inconfundível aspecto formados sobre uma pele (…)

(…)

O próprio sangue tingira o tecido por contato direto: e eis a razão pela qual as imagens das chagas são positivas enquanto todo o resto é negativo.”

BARBET, Pierre. A Paixão de Cristo, segundo o cirurgião. São Paulo: Edições Loyola, 2014, pág. 29-33.

 

Sepultamento

“Fig 1- Imagem tridimensional do homem envolto no Sudário, produzida pelo analisador de imagens VP-8. Este aparelho correlaciona, para cada ponto da imagem gravada no tecido, a intensidade da cor e a distância entre o corpo e o pano, e reproduz no vídeo a imagem em relevo. Uma fotografia comum fornece uma imagem bi-dimensional e distorcida, mas no caso do Sudário a correspondência é perfeita, permitindo até distinguir detalhes.”

“Fig 2- Imagem tridimensional da face; percebe-se que a barba está desviada para cima e que o cabelo do lado direito se mostra repuxado para trás, indicando que uma atadura – um «sudário» propriamente dito – teria sido amarrada verticalmente em torno da cabeça, para manter a boca fechada. Também são aparentes os objetos colocados sobre os olhos; uma análise detalhada desses objetos indica tratar-se de leptos, moeda cunhada entre os anos 29-32 d.C.”

ESPINOSA, Jaime. O Santo Sudário. São Paulo: Quadrante, 2017, pág. 41.

Coincidências

“Vale a pena enumerar sucintamente as coincidências existentes entre o homem do Sudário e Jesus de Nazaré:

1. A partir do séc. VII, passa-se a adotar na arte religiosa um único modelo para representar Jesus, no qual se distinguem pelo menos 15 detalhes que se encontram na figura do Sudário.

2. A figura estampada no lençol representa um semita com barba e cabelo comprido e entrançado, como se usava na Palestina no tempo de Cristo.

3. A brutal flagelação, insólita em condena dos à crucifixão, executada com o flagrum romano; este castigo não era aplicado aos cidadãos romanos.

4. A coroação de espinhos, circunstância igualmente insólita.

5. O homem do Sudário não foi despido até o lugar da execução, o que também não era usual.

6. As pernas não foram quebradas, ao contrário do que se fazia nos casos de crucifixão, para apressar a morte do condenado.

7. Uma lança de forma igual à que usavam soldados romanos atravessa o lado direito, após a morte.

8. O crucificado não foi enterrado na vala comum, mas sepultado individualmente e com uma peça de linho cara.

9. Foi sepultado cuidadosamente, mas não lhe lavaram o corpo.

10. O cadáver abandonou o lençol fúnebre antes de entrar em decomposição.

ESPINOSA, Jaime. O Santo Sudário. São Paulo: Quadrante, 2017, pág. 54-55.

A Figura no Tecido

“As conclusões científicas apenas nos dizem como é que esta não foi gravada no tecido: não foi pintada, não foi formada por contato direto à exceção das manchas de sangue -nem mediante vapores ou qualquer outro processo conhecido no nosso século e muito menos no século XIV.

Segundo vimos, a teoria mais plausível de todas é a da chamuscadura ocasionada por calor eu por uma luz intensa.”‘

ESPINOSA, Jaime. O Santo Sudário. São Paulo: Quadrante, 2017, pág. 53.

Análise Científica e os Problemas Encontrados

“(…) as pesquisas da equipe da NASA (STURP Shroud of Turin Research Project) demonstraram a imagem não se formou por contato direto com sangue, plasma sanguíneo, bálsamos funerários, etc., como também não foi pintada nem impressa com chapas metálicas incandescentes.

(…)

As moedas colocadas sobre os olhos do homem do Sudário indicam o costume funerário em voga entre os judeus na época de Cristo. Uma das moedas é de Pôncio Pilatos, cunhada nos anos 29-30 da nossa era. A outra, a da esquerda, traz a efigie de Júlia, mãe de Tibério, nasci da no ano 29 e, pelo que se sabe, cunhada apenas naquele ano.

(…)

Quando num estudo há centenas de dados coerentes e um discrepante (…) o lógico é pedir ao dado discrepante mais provas que aos outros.”

ESPINOSA, Jaime. O Santo Sudário. São Paulo: Quadrante, 2017, pág. 71-72.

A Ressurreição

“Com efeito, a figura impressa no Sudário continua a levantar, como vimos, uma série de interrogações verdadeiramente enigmáticas: Como se gravaram umas imagens fotográficas dezoito séculos antes de se inventar a fotografia? Como é que essa impressão se realizou em negativo? Como é que tem imagens tridimensionais per feitas? Por que o linho, que tem impressa a figura de um cadáver, não apresenta a menor mancha de decomposição cadavérica? Por que toda a imagem está gravada de uma maneira tão uniforme, quando o lógico era que estivessem mais vincadas as marcas do dorso? Por que as manchas de sangue se imprimiram de forma diferente da dos traços do corpo?

(…)

Efetivamente, suponhamos que o Sudário é de algum modo indício e testemunho da Ressurreição, e que houve algum tipo de irradiação associada a esse fenômeno. Neste caso, teríamos as seguintes respostas:

a imagem gravou-se fotograficamente pela radiação emitida no momento da ressurreição;

– essa impressão gravou-se em negativo por que assim são as imagens gravadas por irradiação;

– não existe mancha de decomposição cadavérica porque a Ressurreição se deu antes da putrefação cadavérica;

a imagem está gravada uniformemente porque a Ressurreição se deu mediante levitação e, nessas circunstâncias, tanto as marcas do dorso como as da frente marcam a figura por igual, pois o peso não conta;

ficaram as manchas de sangue porque, estando fora do corpo, as crostas sanguíneas não ressuscitaram, ao contrário do corpo.

Mais importante é que justamente esta hipótese explicaria o fato de se ter encontrado mais C-14 na amostra do que o que se deveria esperar de um tecido do século I, pois, como vale a pena lembrar, o C-14 forma-se a partir do C-13, e do nitrogênio por efeito de radiações. Ora bem, este fato sugere que a proporção de C-14 encontrada, mais que uma prova que desabone a autenticidade, poderá ser o ponto de partida para uma nova série de pesquisas que permitam compreender melhor os efeitos físico-químicos da Ressureição. (…)

Conta o Prof. Barbet que, quando estava prestes a entregar à tipografia a primeira edição do seu opúsculo sobre as pesquisas em torno do Sudário, quis conhecer a opinião de um homem de ciência, competente e livre de toda a parcialidade, e procurou o seu amigo Hovelacque, professor de Anatomia na École Pratique de Paris. Hovelacque era homem de reconhecida honestidade cientifica, mas agnóstico. Pegou o opúsculo e começou a lê-lo. No fim, fechou o livrinho, ficou em silêncio e, passados uns mi nutos, exclamou; «Mais alors, mon vieux…, Je sus Christ a ressuscite!…» (Mas então, meu amigo, Jesus Cristo ressuscitou!)

É evidente que a ciência não se mete a falar de ressurreição, mas induz a pensar que o cadá ver, num instante infinitesimal, desapareceu; não fala de corpo glorioso, mas dá a entender que esse corpo ficou subitamente dotado de uma carga fantástica de energia, deixou de pesar e abandonou a mortalha sem deformá-la, como objeto que passa através dos corpos.”

ESPINOSA, Jaime. O Santo Sudário. São Paulo: Quadrante, 2017, pág. 74-76.