Salvação do Mundo

“(João 12:44-50).

Em repetidas ocasiões Jesus deu testemunho a seus devotos e seguidores de que estava unido com Deus-Pai: de que dentro de seu eu físico estava a Consciência Crística e, por trás dela, a Consciência Cósmica; e que todos aqueles que sintonizassem com o Eu interior ou Consciência Crística que nele habitava conheceriam esta sua verdadeira natureza e seriam conduzidos da mortalha da ilusão e do sofrimento à eterna luz do reino de Deus.

YOGANANDA, Paramahansa. A Segunda Vinda de Cristo, A Ressurreição do Cristo Interior. Comentário Revelador dos Ensinamentos Originais de Jesus. Vol. III. Editora Self, 2017, pág. 204.

Capítulo 66: “É chegada a hora em que o Filho do homem há de ser glorificado”.

Descida da Cruz

“O Corpo de Jesus foi transportado horizontalmente, mas tal qual se achava na cruz, até a proximidade do túmulo; somente ali é que foi depositado na Mortalha.

(…) se as coisas se tivessem passado de outra forma, a parte posterior do Sudário teria ficado inundada de sangue durante o transporte.

A maior parte do sangue se perdeu (…) Dele não restou senão o que se coagulou sobre a pele, pouco a pouco, enquanto escorria. Depois que o corpo foi assim transportado nu e colocado, após o transporte, na Mortalha, recebeu unicamente a impressão dos coágulos de sangue, forma dos sobre a pele das costas durante o trajeto.

De que maneira então foi Jesus Cristo transportado sem que lhe tocassem o corpo?

Sobreveio a morte, como propôs Dr. Le Bec e como confirmou, por observação experimental, Dr. Hynek, após contrações tetânicas de todos os músculos. Essas dolorosas cãibras generalizadas constituem aquilo que chamamos de tetania. Esta nada tem a ver (insisto para os não médicos) com o tétano, doença infecciosa que produz cãibras análogas. Essa tetanização acabou por atingir os músculos respiratórios, de onde a asfixia e a morte. O condenado não podia escapar à asfixia senão erguendo-se sobre os cravos dos pés, para diminuir a tração do corpo sobre as mãos; cada vez que quisesse respirar mais livremente ou falar, deveria ele assim se erguer sobre os cravos dos pés, é verdade que à custa de outros sofrimentos.

(…)

Vimos, além disso, que o duplo fluxo de sangue do punho cor responde a esta dupla posição, alternante, com suas duas angulações um pouco divergentes. Nestas condições a rigidez cadavérica deveria ser extrema, como com os doentes que vêm a morrer de tétano: o corpo estava rígido, fixado na posição da crucifixão. Podia ser levantado sem que se dobrasse, seguro apenas pelas duas extremidades, como um corpo em catalepsia.

Dado isto, é possível: a) despregar os pés arrancando os cravos do stipes; b) abaixar o patibulum com o corpo rígido; c) transportar o conjunto sem nenhum artifício: dois homens sustentando as duas extremidades do patíbulo e um outro sustentando os pés, ou até só o pé direito que ficara por trás, na altura do tendão-de-Aquiles e do calcanhar. Esta do corpo foi assim a única tocada durante o transporte.

3.- Ora, na impressão do pé direito sobre o Sudário, verifica-se precisamente: a) que a parte posterior do calcanhar está mal marcada, o que contrasta com o resto da impressão plantar, bastante nítida; isto faz parecer, à primeira vista (como já o notamos), que o pé é mais curto do que na realidade; b) que o fluxo de sangue que desceu, durante o transporte horizontal, da chaga plantar para o calcanhar, não atingiu a parte posterior deste, parte mal-marcada no Sudário. Explica-se isto, facilmente, se esta parte estivesse de fato coberta pelas mãos do transportador, que sujaram o calcanhar e impediram o sangue de correr até lá.

É provável que tivessem sido cinco os transportadores, e não três para carregar aquele corpo de cerca de 80 quilos e o pesado patíbulo que pesava não menos de 50 quilos. Os dois suplementares sustentavam o tronco, por meio de um pano torcido para formar uma cinta, que atravessaram por sob a parte inferior do tórax, na altura dos rins,

(…) O fluxo de sangue que se coagulou, transversalmente nas costas, está constituído por meandros irregulares, várias vezes bifurcados e depois se reunindo de novo, o que está pouco de acordo com um fluxo regular de sangue que não tenha tocado em coisa alguma, 3º- Ao contrário, um pedaço de pano irregularmente torcido, sustentando a parte inferior do tórax, deve necessariamente ter-se impregnado completamente de sangue durante o transporte; do qual pequena parte se coagulou, irregularmente, à superfície da pele que podia atingir diretamente, através das pregas do tecido, nos pontos em que este não a comprimia.

A rigidez cadavérica, que permitiu que se transportasse o corpo sem que se dobrasse sob a influência de seu peso, não é um obstáculo que impeça estando o cadáver colocado na Mortalha despregadas as mãos e retirado o patibulumque se levassem os braços da abdução para a adução, e se cruzassem as mãos diante do púbis A experiência nos mostra que não há rigidez cadavérica que não se consiga vencer com um pouco de força, ainda que tenha sido bastante intensa para resistir ao peso do corpo.

1) Os pés são despregados do “stipes”, havendo um só crave a arrancar da madeira.

2) Abaixa-se o patíbulo com o corpo, sem despregar as mor O conjunto é transportado em bloco, sem nenhum artificio, por cinco carregadores, dos quais só um toca o corpo na altura dos calcanhares; outros dois sustentam o dorso com um pano enrolado para uma cinta, que se impregna de sangue. Os dois últimos levam as extremidades do patíbulo.

3) O corpo só foi colocado no Sudário no fim do transporte, durante o qual uma pequena pane do sangue se coagulou transversalmente, nas pregas da cinta, sobre a pele das costas. Esses coágulos em forma de meandros irregulares darão lugar ao “fluxo transversal posterior” ao se decalcarem, ainda frescos, sobre o Sudário.

4) Colocam o corpo no Sudário (provavelmente sobre a pedra chamada da unção). No último instante devem ter cessado de sustentar o dorso com a cinta que, embebida de sangue, teria manchado muito o Sudário.

5) Despregam as mãos, retiram o patíbulo e puxam os membros superiores, cruzando as mãos diante do púbis.

6) Dobram em seguida a outra metade do Sudário, por cima da cabeça (“epi ten kephalen”), cobrindo a face anterior do corpo.

7) Deposição no túmulo.”

BARBET, Pierre. A Paixão de Cristo, segundo o cirurgião. São Paulo: Edições Loyola, 2014, pág. 158-161.

 

Chaga do Coração

“(…) O Lançado dado no lado direito atingiu a aurícula direita do coração, perfurando-lhe o pericárdio.

(Jo 19,33 s.)- “Ora, quando (os soldados) vieram a Jesus, como o vissem já morto, não lhe quebraram as pernas, mas um dos soldados lhe abriu o lado com a lança e, ato contínuo, saiu sangue e água”.

(…)

Mas limitemo-nos ao texto evangélico: um dos soldados feriu-lhe o lado com a lança, e logo saíram dali sangue e água. Pedi à anatomia e à experimentação a explicação deste texto, e agora vamos ouvi-la de tal como me responderam.

A Mortalha tem manifestamente os traços dessa chaga do lado esquerdo, o que quer dizer, sendo suas imagens inversas, que o cadáver a tinha do lado direito.

(…) o estigmatizado teria a chaga localizada do mesmo lado em que vê a chaga de Jesus crucificado. Em vez de propor teorias também científicas, prefiro confessar que isto ultrapassa o domínio da ciência e respeitar o mistério destes fenômenos.

(…)

Na parte superior da imagem sanguínea se distingue nitidamente, tanto no original como nas fotografias, uma mancha oval com o eixo maior um tanto oblíquo de dentro para fora e de baixo para cima, que dá, nitidamente, a impressão da chaga do lado, de onde saiu este sangue. Tem esta chaga 4,4 cm no eixo maior e 1,5 cm na altura. É dela que devemos procurar a localização exata para a transferir a outro corpo. Notemos, de passagem, que a relíquia do ferro de lança que se encontra no Vaticano tem 45 mm, em sua parte mais larga. As chagas são sempre mais estreitas do que os agentes perfurantes por causa da elasticidade da pele.

A extremidade interna da chaga está a 9,5 cm abaixo e um pouco para fora do mamilo, em uma horizontal que passa a 9 cm abaixo dele.

A) IN VIVO. RADIOGRAFIAS

(…) a lança escorregou sobre a sexta costela, perfurou o quinto espaço intercostal e penetrou na profundidade. Que encontrou em seguida? A pleura e o pulmão.

O lançaço foi, portanto, oblíquo e próximo da horizontal, o que é fácil de executar se a cruz, como penso, não fosse muito alta.

Esse golpe desferido ao coração pela direita, sendo sempre moral deveria constituir um dos golpes clássicos e ser ensinado nos exércitos romanos; tanto mais que o lado esquerdo estava normalmente protegido pelo escudo. Encontrei aliás, ao reler os “Comentários de César que a expressão “latus apertum – lado descoberto (desprotegido) era clássica para designar o lado direito.

Então a ponta se dirige naturalmente através da parte anterior, delgada, do pulmão direito e atinge, segundo as radiografias, após um trajeto de 8 cm, o bordo direito do coração envolvido pelo pericárdio.

Ora, aqui está o cerne da questão, a parte do coração que ultrapassa à direita o esterno é a aurícula direita. Essa aurícula, prolongada em cima pela veia cava superior e embaixo pela veia cava inferior, está sempre, no cadáver, cheia de sangue líquido.

(…)

Se o golpe tivesse sido desferido do lado esquerdo, teria atingido os ventrículos, que no cadáver estão vazios.

B) NO CADÁVER. EXPERIÊNCIAS

O sangue vem, portanto, naturalmente, do coração, e em tal quantidade não poderia vir senão dali. Mas de veio a água?

(…)

Era, portanto, a água líquido pericárdico. Pode-se supor que após aquela agonia excepcionalmente penosa, que foi a do Salvador, esse hidropericárdio fosse particularmente abundante e suficiente para que São João, testemunha ocular, tivesse podido ver claramente correr sangue e água. Para ele a serosidade não podia ser senão água, da qual tem toda a aparência.

(…)

Meu amigo Judica (…) Para ele, trata-se de “pericardite serosa traumática”. Essa pericardite fora provocada pelos golpes, pauladas e sobretudo pela flagelação atroz sofrida pelo tórax, no pretório. Tais violências poderiam bem provocar uma pericardite que, após estádio muito curto de hiperemia, não excedendo, muitas vezes, senão algumas horas, produz um derramamento seroso rápido e abundante.

OUTRAS HIPÓTESES

Sim! São João era bem clarividente. O que viu foi, sem dúvida, o sangue da aurícula e a água do pericárdio. 

(…)

O que aconteceu, agora, durante o transporte em posição horizontal, da Cruz para o Túmulo? Não esqueçamos que a chaga do coração é nitidamente lateral, está situada na região subaxilar. É muito provável que, nesta posição, o líquido pleural aflore a esta chaga e pelo lado direito, como o descrevi. Esta saída de sangue e serosidade foi favorecida pelas oscilações transversais, inevitáveis no transporte. Foi esta mescla hidroemática que se espalhou transversal mente na parte inferior das costas, no meio das pregas da faixa que suponho tenha sido usada no transporte. Uma tal diluição do sangue explica talvez o largo halo em volta, de coloração muito pálida, que envolve e ultrapassa para cima e para baixo os coágulos irregulares dia hemorragia posterior.”

BARBET, Pierre. A Paixão de Cristo, segundo o cirurgião. São Paulo: Edições Loyola, 2014, pág. 138-153.

 

Chagas dos Pés

“Vê-se logo na imagem posterior do Sudário que os dois pés estão cruzados. O direito marcou uma impressão total, à qual voltaremos em breve. Do esquerdo vê-se o calcanhar e a parte média; mas se introduz obliquamente por trás do direito (portanto, na cruz, estava na frente), cruzando seu bordo interno, e sua parte anterior não é visível.

(…) O que complica as imagens são os fluxos de sangue que se espalham sobre quase todo o comprimento dos dois pés, para a frente e para trás dos orifícios dos cravos, e ultrapassam as impressões. Parece certo que o sangue, que deslizara em direção aos dedos sobre a cruz, continuou a escorrer, mas, durante o transporte ao túmulo, em direção dos calcanhares, pela posição horizontal em que era levado o corpo. Uma parte formou, na metade posterior da sola dos pés, coágulos que ficaram decalcados. Mas uma parte deve ter continuado a escorrer, até na Mortalha, por fora do calcanhar. Além disso, o tecido se dobrara em pregas longitudinais, de sorte que certos coágulos frescos e sangue líquido transudaram sobre a face oposta da prega.

(…)

(…) ainda no sepulcro os pés ficaram parcialmente cruzados. Dado o que sabemos sobre a rigidez cadavérica, significa isto que estavam ainda mais cruzados na cruz, o esquerdo sobre o direito, com sua sola repousando no dorso do direito. Quando despregados, e a corpo estendido, tenderam pela força da gravidade a voltar à paralela, mas a rigidez ainda os conservou um tanto cruzados.

A rigidez cadavérica foi certamente rápida e considerável, provavelmente instantânea, em consequência das fadigas da agonia de Jesus e suas contrações.

Essa hiperextensão, devida ao fato de terem sido os pés cravados de cheio sobre o ramo vertical da cruz, facilitou bastante a formação da bela impressão plantar do pé direito que naturalmente repousa sobre o Sudário.”

BARBET, Pierre. A Paixão de Cristo, segundo o cirurgião. São Paulo: Edições Loyola, 2014, pág. 129-130.

 

Causas da Morte Rápida

“A) CAUSAS PREPARATÓRIAS

Jesus, com efeito, não tivera senão cerca de três horas de agonia, o que é, realmente, muito pouco para um crucificado. Os ladrões sobreviveram e só vieram a morrer logo depois, porque, ao lhes quebrarem as pernas, lhes aceleraram a asfixia. Tinham os judeus pedido isso a Pilatos, por quererem enterrar os três corpos antes do anoitecer. A lei judaica mandava que os crucificados fossem retirados da cruz e sepultados no mesmo dia. A isto acrescia que era véspera do sábado e, mais ainda, véspera da grande festa de Páscoa. Era a “paraskeue”.

(…) Não era raro, segundo Orígenes, vê-los sobreviver toda a noite e o dia seguinte.

(…)

Ele próprio dissera a seus apóstolos: “Minha alma esta até a morte”, expressão semita para designar uma “tristeza mortal”. Esta grave perturbação pode acarretar um fenômeno conhecido em medicina, do qual São Lucas, como médico, dá uma descrição perfeitamente clínica e surpreendente em sua brevidade. O fenômeno, aliás é a raro, é provocado por um grande abalo moral, seguido de profunda emoção e de grande medo.

(…)

Depois continua Lucas: (…) e, entrando em agonia, orava com mais instância. E o suor tornou-se como que gotas de sangue caindo até o solo” (Le 22.24). O texto grego, porém diz com mais exatidão: “Egéneto ho hidrós autou hosei thromboi haímatos katabaínontes epi en gen’. Ora, trombos” quer dizer “coágulo”.

O fenômeno, que em linguagem técnica chamamos “hematidrose, consiste em intensa vasodilatação dos capilares subcutâneos. Distendidos ao extremo, rompem-se em contato com milhões de glândulas sudoríparas espalhadas por toda a pele. Essa mesma vasodilatação provoca intensa secreção das glândulas sudoríparas. O sangue se mistura com o suor, e esta mescla poreja por toda a superfície do corpo. Mas, uma vez em contato com o ar, o sangue se coagula. Os coágulos assim formados sobre a pele caem por terra, levados pelo abundante suor. Pôde então escrever São Lucas, como bom médico e bom observador: “E seu suor tornou-se como que coágulos (não gotas) de sangue que caíam até o solo”.

Deste fenômeno podemos tirar logo duas consequências. A primeira é ter havido considerável diminuição da resistência vital após esta hemorragia, que é grave, dada a extensão da superfície em que se produz. Depois, assinalaremos como segunda consequência o estado anormal em que ficou a pele por ter sangrado na intimidade de suas glândulas sudoríparas, em toda a superfície do corpo. Ficou assim mais sensível, dolorida e, portanto, menos apta a suportar as violências e os golpes que iriam atingi-la na noite e no dia seguinte, até culminar com a flagelação e crucifixão.

(…)

Na mesma série de causas de enfraquecimento, devemos enumerar também as sevícias suportadas durante a noite, sobretudo entre os dois interrogatórios, durante os quais foi ele a presa e o escárnio de uma turba infame de criados do templo, “estes cães sanguinários”, como os chama são João Crisóstomo. Ainda devemos acrescentar os golpes recebidos no pretório, após a flagelação e a coroação de espinhos; tapas, socos e até pauladas, porque a palavra que São Jerônimo traduz por “alapas” (= tapas), significa também e, fundamentalmente, “golpes desferidos com um bastão ou pedaço de pau”.

(…)

Encontramos o vestígio dessas sevícias na Santa Mortalha, em uma grande contusão da face direita e uma fratura da borda cartilaginosa do nariz. Mas todas essas pancadas, desferidas principalmente sobre a cabeça, podiam ter produzido também um abalo, talvez grave, aquilo que chamamos de comoção ou ainda contusão cerebral, que se caracteriza pela ruptura mais ou menos extensa de pequenos vasos nas meninges e cérebro.

(…) pelos traumatismos que vamos encontrar no Santo Sudário, foi sobretudo a selvagem flagelação e a coroação de espinhos suportada no pretório de Pilatos, no “Lithróstotos”, que devem ter provocado a perda de sangue mais grave.

B) CAUSA DETERMINANTE

(…) Os crucificados morriam todos asfixiados. 

(…) a fixação dos braços levantados, portanto em posição de inspiração, acarreta relativa imobilidade das costelas e grande incômodo na respiração; o crucificado tem a impressão de sufocamento progressivo. (…) O coração deverá trabalhar mais, suas pulsações se precipitam e enfraquecem. Segue-se uma certa estagnação nos vasos de todo o corpo. E “como, por outro lado, a oxigenação se faz mal nos pulmões que funcionam insuficientemente, a sobrecarga de ácido carbônico provoca excitação das fibras musculares e, como consequência, uma espécie de estado tetânico de todo o corpo“.

(…)

A recordação de um suplício, ou de grave punição, como se quiser chamar, em uso no exército austro-alemão para o qual fora recrutado como tcheco, na guerra de 1914-1918. Este castigo que denomina “aufbinden”, e que os nazistas tiveram o cuidado de não esquecer, consiste em suspender, pelas mãos, o condenado, a um pelourinho. Seus pés apenas tocam o solo com as pontas dos dedos. Todo o peso do corpo, e isto é importante, fica apoiado nas duas mãos fixadas no alto. Vê-se, em pouco tempo, surgir contrações violentas em todos os músculos, que terminam em um estado permanente de contratura, de rigidez em contração, destes músculos. É o que se chama, vulgarmente, de cãibra. Todos sabem quanto são dolorosas e que não se pode aliviá-las a não ser puxando o membro no sentido oposto aos dos músculos contraídos.

Começam estas cãibras nos antebraços, passam para os braços, estendendo-se aos membros inferiores e ao tronco. Muito rapidamente os grandes músculos que produzem a inspiração, grandes peitorais, esternocleido-mastoideos e diafragma são também tornados. Daí resulta que os pulmões se enchem de ar, mas não conseguem fazê-lo sair. Os músculos expiradores, também eles contraídos, são mais fracos que os inspiradores (a expiração se faz ordinariamente e sem es forço muscular, pela elasticidade dos pulmões e da caixa torácica).

Estando assim os pulmões em inspiração forçada e não podendo esvaziar-se, segue-se que a oxigenação normal do sangue que neles circula não mais se pode fazer e que a asfixia se apodera do paciente, da mesma forma como se fosse estrangulado. Fica no estado de um enfisematoso em plena crise de asma. (…)

Notemos que, além disso, a falta de oxigenação do sangue pulmonar acarreta, nos músculos, onde continua a circular, uma asfixia local com consequente acumulação de ácido carbônico (segundo a exata observação de Le Bec), que, por uma espécie de círculo vicioso, aumenta progressivamente a tetanização destes mesmos músculos.

(…) A simples punição não podia, segundo o testemunho de Hynek, durar mais do que dez minutos, Mais tarde, nos campos de concentração nazistas, prolongaram-na até o assassinato.

(…)

Resulta deste testemunho, como também da observação, a Deus, menos prolongada de Hynek, que a suspensão pelas mis acarreta asfixia com contrações generalizadas, de acordo com as previsões de Le Bec. Os crucificados, pois, morriam todos de asfixia, após longo período de luta.

(…)

Depois da crucifixão, o corpo se abaixava e descia notavelmente, como o veremos, ao mesmo tempo que os joelhos se dobravam mais. O paciente podia então tomar ponto de apoio nos pés fixados à haste vertical da cruz, soerguer todo o corpo e reconduzir para a horizontal os braços que, em virtude do abaixamento, tinham um ângulo de 65° com a horizontal. Muito reduzida, desta forma, a tração sobre as mãos, diminuíam as cãibras e, momentaneamente, de saparecia a asfixia pela restituição dos movimentos respiratórios… Depois, sobrevindo a fadiga dos membros inferiores, era o crucifica do obrigado a ceder e a asfixia voltava de novo. Toda a agonia se passava na alternância de abatimentos e soerguimentos, de asfixia e de respiração. Disso temos a prova material no Santo Sudário, onde podemos assinalar um duplo fluxo de sangue vertical que sai da chaga da mão, com um afastamento angular de alguns graus. Um corresponde à posição de abaixamento, e o outro, à de soerguimento Dez (cf. fig. 20, adiante).

Percebe-se logo que um indivíduo esgotado como estava Jesus não haveria de poder prolongar essa luta por muito tempo. Por outro lado, quando julgasse, em sua suprema sabedoria, que chegara o momento de morrer, que “tudo estava consumado”, podê-lo-ia fazer com a máxima facilidade, interrompendo a luta.

(…) dispunham os carrascos de meio seguro para provocar morte quase instantânea nos crucificados: quebrar-lhes as pernas. Este processo, aliás muito usado em Roma, era bem conhecido. (…) Foi este “crurifragium” que os judeus, preocupados em fazer desaparecer os corpos antes do pôr do sol, foram pedir a Pilatos.

(…)

Os supliciados não podiam resistir à asfixia a não ser erguendo-se sobre os pés. Se lhes forem quebradas as pernas, ficarão absolutamente impossibilitados de se erguer. Então a asfixia os tomará completa e definitivamente, e a morte sobrevirá em espaço muito curto.

(…)

(…) a tetanização e a asfixia, indubitáveis para um médico, provam que as impressões do Sudário estão de acordo com a realidade: esse corpo morreu como um corpo crucificado.

Ali vemos, com efeito, os dois grandes peitorais, os mais poderosos músculos inspiradores, em contração forçada, dilatados e repuxados em direção das clavículas e braços. Toda a caixa torácica está muito distendida em inspiração máxima. A cavidade epigástrica (vulgarmente conhecida como boca do estômago) está retraída por esta elevação e distensão para a frente e para fora do tórax, e não pela contração do diafragma, como escreve Hynek.(…) Essa distensão e elevação força da das costelas não pode deixar de realçar a massa abdominal; é por isso que se vê, por cima das mãos cruzadas, sobressair o hipogástrio, o baixo ventre.

(…)

Os longos fluxos de sangue, que descem dos carpos aos cotovelos, parecem seguir os sulcos bem-marcados que separam os músculos extensores das mãos, em antebraços contraídos. As coxas mostram fortes saliências musculares que, em um corpo aliás perfeita mente desenhado, evocam também a contração tetânica.

Na face posterior, a coluna cervical parece bastante inclinada para a frente, contrariando sua curvatura normal, o que quadra coma imagem anterior.

(…)

Eis, pois, a meu ver, claramente elucidadas, sob o ângulo de visão humano, científico (pobre ciência que não passa de uma ignorância disfarçada!), as causas da morte de Jesus: a) Causas predisponentes que são múltiplas e o levaram fisicamente diminuído, e esgotado, ao mais terrível suplício que já conseguiu inventar a malícia dos homens; b) uma causa determinante, final, imediata: a asfixia, que causava infalivelmente a morte.”

BARBET, Pierre. A Paixão de Cristo, segundo o cirurgião. São Paulo: Edições Loyola, 2014, pág. 81-95.

 

Sofrimentos Preliminares

“A) GENERALIDADES

(…) OS traumatismos produzem na pele lesões diversas, cujos vestígios no Santo Sudário diferem notavelmente segundo sua natureza profundidade.

(…)

B) SEVÍCIAS DA NOITE E DO PRETÓRIO

Sobre o rosto se encontram escoriações um pouco por toda a parte, mas sobretudo do lado direito, que está também deformado, como se, sob as esfoladuras sangrentas, houvesse também hematomas. As duas arcadas superciliares apresentar aquelas chagas contusas, que tão bem conhecemos, e que se fazem de dentro para fora, sob a influência de um soco ou paulada; os ossos da arcada cortar a pele pelo lado interno.

Mas a lesão mais evidente é uma grande escoriação de forma triangular na região suborbitária direita. A base tem dois centímetros, a ponta se dirige para cima e para dentro, para atingir outra zona escoriada no nariz entre o terço médio e o superior. Neste nível o nariz e está deformado por uma fratura da cartilagem dorsal, bem perto de sua inserção no osso nasal, que ficou intacto.

C) FLAGELAÇÃO

Já conhecemos o instrumento de suplício, o “flagrum” romano, cujas correias levavam a uma certa distância das pontas duas bolas de chumbo ou dois ossinhos, “talus” de carneiro. Seus vestígios se encontram com abundância no Sudário, e aparecem distribuídos por todo o corpo, das espáduas até as pernas. A maioria está na parte posterior, indício de que Jesus estava amarrado com o rosto contra a coluna e as mãos amarradas no alto, pois não ficaram vestígios nos antebraços, que de resto estão bem nítidos no Sudário. Não teriam deixado de receber alguns golpes se estivessem amarrados embaixo. Encontram-se também, e bem numerosos, sobre o peito.

Convém acrescentar que só deixaram marca de si os golpes que produziram escoriação ou chaga contusa. Todos os que não provocaram senão equimoses não deixaram vestígios na Mortalha. Contê-lo mais de 100, talvez 120, o que perfaz, se é que havia duas correia cerca de 60 golpes, sem contar os que não deixaram marca.

(…)

Estão quase todas dispostas em pares paralelos, o que faz supor duas correias em cada “flagrum”.

Acrescentaremos ainda que Jesus estava inteiramente nu, Pois vemos este tipo de chagas, em forma de haltere, em toda a região pelviana, tão profundas como no resto do corpo, o que não teria acontecido se estivesse coberta pelo “subligaculum”.

Por fim, notemos que os carrascos deviam ter sido dois e que eram de estatura diferente, uma vez que a obliquidade dos golpes no é a mesma dos dois lados.

D) COROAÇÃO DE ESPINHOS

Lucas não fala da coroação. Marcos escreve: “Peritithéasin autõ plléxantes akanthinon stéphanon – Cingiram-no com uma coroa de espinhos que tinham acabado de tecer” (15,17). Mas não indica com isto a forma; Mateus e João são mais explícitos: “Pléxantes stéphanon ex akathõn, epéthekan epi tês kephalês autou-Tendo tecido uma coroa de espinhos, colocaram-na sobre a cabeça dele” (27,29).

São Vicente de Lérins (Sermo in Parasceve) escreverá mais tarde: Impuseram-lhe na cabeça uma coroa de espinhos, que era à maneira de ‘pileus’ (= carapuça, gorro), de sorte que por todos os lados lhe cobria e tocava a cabeça. E acrescenta que produzira essa carapuça 70 ferimentos. -O “pileus’ era, entre os romanos, uma espécie de gorro semioval, de feltro, que envolvia a cabeça e servia principalmente para o trabalho.

(…) a coroa era uma espécie de gorro, formado de ramos espinhosos entrelaçados, e não um anel.

Admite-se, geralmente, que pertencem a um arbusto de espinhos comum na Judeia, o Zizyphus Spina Christi”, uma espécie de açofeifeira (árvore da família das ramnáceas, também conhecida por jujubeira). (…) O couro cabeludo sangra muito e com facilidade; como este chapéu foi enterrado a pauladas, os ferimentos produzidos devem ter feito correr bastante sangue.

(…) Ora essa coroa não tem espinhos, é um simples círculo de juncos trançados. Mas tudo se explica perfeitamente, pois foi com esses juncos que os soldados, depois de terem aplicado o chapéu de espinhos na cabeça de Jesus, o fixaram, apertando-o na frente e na nuca.

(…)

O sangue foi obrigado a se acumular aí, lentamente, onde se pôde coagular com todo vagar, de onde a extensão em largura, o crescimento em altura e o aumento em espessura do coágulo.

Há ali um obstáculo, que está evidentemente na região onde o feixe de juncos cingia a parte inferior da testa, por cima das arcadas das sobrancelhas. Uma das hastes de junco estava transversalmente comprimida sobre a pele da testa: há ali faixa horizontal, sem coágulos, em toda a extensão da testa; à direita e à esquerda para os = lados, dois coágulos se detêm, nitidamente, no mesmo nível e bem se pode seguir em seu conjunto o trajeto da faixa.”

BARBET, Pierre. A Paixão de Cristo, segundo o cirurgião. São Paulo: Edições Loyola, 2014, pág. 97-103.

 

Formação das Impressões no Sudário

“1°) Impressões sanguíneas- (…) Os vestígios sanguíneos da Mortalha não são, como as impressões corporais, imagens gráficas. (…) As impressões sanguíneas não são imagens, são decalques; foram formadas com sangue.

(…) Não! um coágulo formado sobre a pele nela se gruda e a mesmo seca.

(…) um coágulo nunca se forma dentro do corpo ou com mais exatidão, nas veias onde o sangue fica sempre líquido.

(…) O sangue (…) continua líquido nos cadáveres, onde fica alojado nas veias por ocasião da morte, as artérias, pelas últimas contrações dos ventrículos e própria elasticidade, vertem-se nos capilares e veias. Nas veias fica líquido por muito tempo, praticamente até a putrefação. E mesmo ali continua vivo durante algumas horas e suscetível de ser transfundido em um homem vivo.

Quando o sangue sai das veias por um ferimento e é recolhido em algum recipiente, pode-se ver como rapidamente se coagula, isto é, se condensa em uma espécie de geleia vermelha que se chama coágulo ou grumo. Este coágulo forma-se pela transformação do fibrinogênio, uma substância dissolvida no sangue, em outra substância sólida, a fibrina, que encerra em suas malhas os glóbulos sanguíneos. (…)A coagulação se produz em tempo muito curto, que não passa de poucos minutos. Depois, o coágulo se retrai e exsuda sua parte líquida, o sérum ou soro. Em seguida, pouco a pouco vai secando.

(…)

Que tenham sido produzidas por sangue líquido, parece muito pouco provável, com talvez uma única exceção: as hemorragias das chagas dos pés, durante o transporte e na estada no túmulo, que escorreram em direção aos calcanhares.

(…)

Alguns coágulos deveriam estar ainda bastante frescos para se conservarem úmidos. Será talvez o caso do grande coágulo anterior da chaga do coração, por causa de sua espessura. (…) A maior parte deste sangue saído pela chaga aberta deve ter caído ao chão, pelo caminho. Só a pequena parte que pôde atingir a pele por entre as pregas daquele pano torcido, e aí aderir por efeito de sua viscosidade, nela coagulou-se em sinuosidades múltiplas, característica do fluxo dorsal. Todos esses coágulos estavam, evidentemente, frescos quando depositaram o corpo sobre a Mortalha; de modo que foram decalcados muito facilmente, com abundância de soro em volta dos decalques.

(…) Convém ainda não perder de vista que o cadáver continuou a exsudar vapor de água por muito tempo. Com frequência se esquece que todas as células do cadáver continuam a viver por conta própria, tanto as da pele como todas as outras, e morrem individualmente, após intervalos diferentes. Se as células nobres, as células nervosas, são as mais frágeis, as outras sobrevivem bastante tempo; a morte total não começa a não ser com a putrefação.*

*Nota Pessoal: Processo de desencarne (cruzar com Ramatís e Kardec)

(…)

“Sobre a Mortalha não há sangue que tenha escorrido; só há coágulos decalcados, que representam a parte do sangue que se coagulou sobre a pele, ao escorrer sobre ela.”

(…) Quando se decalca um coágulo sobre um pano, e, em seguida, se descola, somente uma parte do coágulo permanece fixada sobre o pano, a outra fica sobre o suporte. Haverá, portanto, necessariamente furos e falhas nas imagens dos coágulos sobre o pano. Ora, os que ficaram no Santo Sudário estão perfeitamente intactos, inteiros, reproduzindo a familiar imagem de um coágulo normal.

(…)

Quando imprimi a 1ª edição de “Les Cinq Plaies”, fui à Escola Prática levá-la a meu velho amigo, professor Hovelacque, para que a lesse. Era ele um verdadeiro apaixonado pela anatomia, que ensinava na Faculdade de Paris, mas estava longe de ser um crente. Aprovou com crescente entusiasmo minhas experiências e conclusões. Quando acabou de ler, depositou o opúsculo e, meditando, ficou em silêncio por alguns momentos. Depois, explodindo de repente, com aquela bela franqueza que consolidara nossa amizade, exclamou: “Mas, então, meu velho?… Jesus Cristo ressuscitou!” Raramente em minha vida tive emoções tão profundas e tão doces como a provocada por essa reação de um incrédulo perante um trabalho puramente científico, do qual tirava ele mesmo as incalculáveis consequências.(…)

2°) Impressões corporais- (…) Esta pintura poderia ter sido feita o mais tardar no século XIV, quando reapareceu o Santo Sudário em Lirey. Será necessário repetir mais uma vez todas as impossibilidades que suscita tal hipótese? Esta pintura contém uma imagem negativa, concepção inimaginável até a relativamente recente descoberta da fotografia. (…) suas cópias que, de resto, têm grande semelhança com o original, apresentam em suas chapas fotográficas imagens positivas muito diferentes das do Sudário. Deve-se isto ao fato de que os claros-escuros do Sudário, constituídos negativamente, são de uma perfeição absoluta; e assim pintor algum consegue executá-la como o faz a natureza ou a objetiva fotográfica.”

BARBET, Pierre. A Paixão de Cristo, segundo o cirurgião. São Paulo: Edições Loyola, 2014, pág. 37-45.

 

 

Retirada do Corpo

“Os cientistas fizeram uma análise minuciosa do lençol e concluíram que por nenhum meio humano normal se teria conseguido separar uma ferida e o pano unido a ela, depois que o sangue secou, sem arrancar pequenas partículas do corpo, sem desfazer a correção anatômica da figura e a integridade estrutural das manchas de sangue e dos coágulos sanguíneos: as manchas ter-se-iam desfeito e se espalhado. Toda via, encontram-se intactas (figs. 6 e 8).

A separação natural deixaria no tecido sinais fibras de linho que, grudadas à ferida e ao sangue, teriam sido repuxadas no separar-se o cadáver da mortalha que o envolvera. A observação microscópica não captou nenhum desses indícios: depois de aumentados 32 vezes, o centro e as bordas das manchas de sangue não revelaram nenhum sinal de repuxamento das fibras”.”

ESPINOSA, Jaime. O Santo Sudário. São Paulo: Quadrante, 2017, pág. 52-53.

A Ressurreição

“Com efeito, a figura impressa no Sudário continua a levantar, como vimos, uma série de interrogações verdadeiramente enigmáticas: Como se gravaram umas imagens fotográficas dezoito séculos antes de se inventar a fotografia? Como é que essa impressão se realizou em negativo? Como é que tem imagens tridimensionais per feitas? Por que o linho, que tem impressa a figura de um cadáver, não apresenta a menor mancha de decomposição cadavérica? Por que toda a imagem está gravada de uma maneira tão uniforme, quando o lógico era que estivessem mais vincadas as marcas do dorso? Por que as manchas de sangue se imprimiram de forma diferente da dos traços do corpo?

(…)

Efetivamente, suponhamos que o Sudário é de algum modo indício e testemunho da Ressurreição, e que houve algum tipo de irradiação associada a esse fenômeno. Neste caso, teríamos as seguintes respostas:

a imagem gravou-se fotograficamente pela radiação emitida no momento da ressurreição;

– essa impressão gravou-se em negativo por que assim são as imagens gravadas por irradiação;

– não existe mancha de decomposição cadavérica porque a Ressurreição se deu antes da putrefação cadavérica;

a imagem está gravada uniformemente porque a Ressurreição se deu mediante levitação e, nessas circunstâncias, tanto as marcas do dorso como as da frente marcam a figura por igual, pois o peso não conta;

ficaram as manchas de sangue porque, estando fora do corpo, as crostas sanguíneas não ressuscitaram, ao contrário do corpo.

Mais importante é que justamente esta hipótese explicaria o fato de se ter encontrado mais C-14 na amostra do que o que se deveria esperar de um tecido do século I, pois, como vale a pena lembrar, o C-14 forma-se a partir do C-13, e do nitrogênio por efeito de radiações. Ora bem, este fato sugere que a proporção de C-14 encontrada, mais que uma prova que desabone a autenticidade, poderá ser o ponto de partida para uma nova série de pesquisas que permitam compreender melhor os efeitos físico-químicos da Ressureição. (…)

Conta o Prof. Barbet que, quando estava prestes a entregar à tipografia a primeira edição do seu opúsculo sobre as pesquisas em torno do Sudário, quis conhecer a opinião de um homem de ciência, competente e livre de toda a parcialidade, e procurou o seu amigo Hovelacque, professor de Anatomia na École Pratique de Paris. Hovelacque era homem de reconhecida honestidade cientifica, mas agnóstico. Pegou o opúsculo e começou a lê-lo. No fim, fechou o livrinho, ficou em silêncio e, passados uns mi nutos, exclamou; «Mais alors, mon vieux…, Je sus Christ a ressuscite!…» (Mas então, meu amigo, Jesus Cristo ressuscitou!)

É evidente que a ciência não se mete a falar de ressurreição, mas induz a pensar que o cadá ver, num instante infinitesimal, desapareceu; não fala de corpo glorioso, mas dá a entender que esse corpo ficou subitamente dotado de uma carga fantástica de energia, deixou de pesar e abandonou a mortalha sem deformá-la, como objeto que passa através dos corpos.”

ESPINOSA, Jaime. O Santo Sudário. São Paulo: Quadrante, 2017, pág. 74-76.

Punhos e Pés Cravados

“(…) a palavra hebraica Yad, usada na profecia messiânica – trespassaram -lhe as mãos e os pés (SI 22, 16)-, era usada com grande variedade de aplicações, chegando a designar o antebraço e até o cotovelo.

Os crucificados não eram pregados na cruz atravessando-lhes a palma da mão, pois desse modo as mãos se rasgariam e o corpo certamente se desprenderia da cruz.  No pulso localiza-se o espaço de Destot que, atravessado pelo prego e amparado nos ossos que o rodeiam, pode sustentar o peso do corpo e permitir-lhe os movi mentos necessários para a frente e para trás. (fig. 7).

Durante muito tempo, uma observação atenta do lençol teria levado à conclusão de que o homem do Sudário tinha apenas quatro dedos: não se descobriam sinais do polegar. Foi um cirurgião de Paris, o Dr. Barbet, quem achou a explicação: um prego introduzido no espaço de Destot secciona ou prejudica necessariamente o nervo mediano, o nervo que flexiona os polegares, fazendo-os encolher-se para o interior da mão. Pesquisas recentes, feitas por computador, obtiveram imagens em que se observa que os polegares do homem do Sudário estão presentes na figura, mas dobrados bem junto da palma da mão.

O espaço de Destot só foi descrito anatomicamente no século XIX. Como poderia um pintor ou um eventual falsificador saber das consequências que um prego nele cravado provocaria no polegar, de modo a reproduzi-las na mortalha?” (!)

ESPINOSA, Jaime. O Santo Sudário. São Paulo: Quadrante, 2017, pág. 32-33.