“Na vida da matéria, o movimento é muito lento; na vida do pensamento há um rápido movimento giratório. Devemos distinguir e sepa- rar a intelectualidade da materialização. Na prática da magia, portanto, os nomes de entidades divinas devem ser apreendidos e compreendidos como tendo uma aplicação tripla:
1. Inteligência ou projeção da vontade divina central.
2. Espírito ou manifestação de tendência.
3. Gênio, ou demônio, em sua manifestação real.
Cada uma dessas formas tem uma manifestação fenomenal diferente.
Na primeira, o fenômeno é mental, na segunda é astral, na terceira é material, isto é, pertence ao mundo visível para as pessoas comuns. Ariel, na magia divina, é a inteligência absoluta da força criativa divina. Inteligência significa compreensão, penetração, intuição sutil do valor do poder de criação. Em sua segunda fase de adaptação, é um espírito ou um anjo agindo na corrente astral. Na terceira aparição, é c ato de força materializada; isto é, a encarnação de inteligência.
Contudo, estudar Magia e se dedicar à teurgia não significa estudar os fenômenos perceptíveis aos sentidos físicos, mas estudar as leis ocultas e produzir fenômenos visíveis; e, como todas as ciências, a Ma gia deve ser primeiro estudada com atenção em sua parte doutrinária e depois em sua aplicação; antes, no entanto, de aprender qualquer coisa que tenha relação com a ciência, devemos compreender o sentido das palavras que usamos.
(…) mas no futuro, os que vierem depois de mim, não deixarão de levar a cabo minha completa integração à modernidade, fazendo o mundo saudar como descobertas muito modernas coisas que pertencem ao antigo conhecimento do sacerdócio da ciência única.
(…)
Estou falando com eles para que possam entender antes de praticar, para que não venham a praticar de maneira empírica, como charlatães, aos tropeções, imaginando que estão estudando magia no beco sem saída do espiritismo popular ou sonambulismo mesmérico, fundamentos de doutrinas sem começo nem fim.
A magia não pode ser praticada como uma profissão aprendida pela vontade humana: ela é a prática de virtudes ativas.
Tudo na magia prática é alcançado por meio do amor, o amor é inteligência divina, ou seja, um estado de compreensão, a intuição do abraço divino entre a matéria finita e o mundo infinito.
O código de acesso a cada prática é a Imaculada Concepção.
Quando você pensa, evoca; quando concebe, cria; mas o ato mágico da Concepção não pode ser compreendido como resultado de meditação e longas vigílias. Na Magia, a Concepção é um relâmpago, uma operação deslumbrante de nossa psique, que se apoia em dois fatores:
1. A mais perfeita educação do corpo físico e intelectual.
2. A vontade do bem e do mal.
Para resumir, eu acrescentaria:
-que apenas em uma consciência integrada, alheia a qualquer influência do ambiente, de superstição ou de paixão, o poder volitivo se manifesta de modo espontâneo, sem esforço, pelo simples ato imaginativo;
-que a imaginação é um instrumento de criação em consciências integradas;
-que a criação de uma forma concebida nesta condição interna é suficiente para a forma ser realizada;
-que tal conquista não é resultado de um esforço, mas de um estado do ser interior independente que não conhece obstáculo;
-que a realização, acima como abaixo, é um ato de amor;
– que isto se aplica tanto ao bem quanto ao mal, ou seja, ocorre tanto nas formas ou realidades que geram utilidade e prazer quanto nas que provocam dano e dor.
Qui gladio ferit, gladio perit [Quem com ferro fere, com ferro será ferido).”
KREMMERZ, Giuliano. Introdução à ciência hermética: O caminho iniciático para a magia natural e divina. Editora Pensamento, 2022, Pág. 194-198.
Terceira Parte
Os Mistérios da Taumaturgia