“Como ninguém nas últimas gerações pode ter acesso a Cristo como os apóstolos tiveram, durante sua vida e ressurreição, cada crente deve procurar a autoridade na igreja por eles fundada em Roma e nos bispos.
Alguns cristãos gnósticos discordaram.
O Cristo ressuscitado explica a Pedro que aqueles que “se autodenominam bispos e também diáconos, como se tivessem recebido sua autoridade de Des”, são, na realdidade “canais secos” Embora “não compreendam o mistério”, vangloriam-se de que apenas eles possuem “o mistério da verdade“. O autor acusa-os de má, interpretação do ensinamento dos apóstolos e, por isso, de terem estabelecido uma “imitação de igreja” no lugar de uma verdadeira “irmandade” cristã.
(…) Mas, para eles, o ensinamento da igreja, e dos funcionários da igreja, jamais teria a autoridade definitiva atribuída pelos cristãos ortodoxos Diziam, dos que receberam gnosis, que foram muito além do ensinamento da igreja e transcenderam sua autoridade hierárquica.
Portanto, a controvérsia sobre a ressurreição provou-se crítica na transformação do movimento cristão em instituição religiosa. Todos os cristãos concordam, em princípio, que apenas o próprio Cristo – ou Deus – é a fonte definitiva da autoridade espiritual. Mas a questão imediata, é claro, era prática: quem, no presente, administra essa autoridade?
Valentino e seus seguidores responderam: quem quer que tenha contato pessoal, direto, com “Aquele que vive”. Argumentaram que apenas a própria experiência oferece o critério definitivo da verdade, tendo precedência sobre todos os testemunhos indiretos e toda a tradição – até mesmo a tradição gnóstica!”
PAGELS, Elaine. Os Evangelhos Gnósticos. Editora Objetiva, 1979, pág. 26-27.
Capítulo: 1- A Controvérsia Sobre a Ressurreição de Cristo: Acontecimento Histórico ou Símbolo?