“JESUS ERA paciente com o néscio e o estúpido, tal como o inverno espera a primavera.
Era paciente como uma montanha ao vento. Respondia com benevolência às desagradáveis perguntas de Seus inimigos.
Podia mesmo silenciar ante cavilações e disputas, pois era forte, e os fortes podem ser tolerantes. Mas Jesus era também impaciente.
Não poupava os hipócritas. Não cedia aos astuciosos nem aos malabaristas de palavras.
E não podia ser governado. Era impaciente com aqueles que não acreditavam na luz porque moravam na sombra; e com aqueles que procuravam sinais no céu mais do que em seus próprios corações. Era impaciente com aqueles que pesavam e mediam o dia e a noite antes de confiar seus sonhos à aurora e ao anoitecer.
Jesus era paciente.
Contudo, era o mais impaciente dos homens. Ele vos faria tecer o pano embora gastásseis anos entre o tear e o linho.
Mas não admitiria que ninguém rasgasse uma polegada da fazenda tecida.”
GIBRAN, Gibran Khalil. Jesus, o Filho do Homem. Tradução: Mansour Challita. Associação Cultural Internacional Gibran, 1973, pág. 147.