“O pai é o sacerdote iniciador por meio do qual o jovem ser faz sua passagem para o mundo mais amplo.
(…)
O mistagogo (pai ou pai substituto) deve entregar os símbolos do ofício tão-somente ao filho que tiver sido efetivamente purgado de todas as catexes infantis impróprias – a um filho que não se veja impossibilitado para o justo e impessoal exercício dos poderes pelos motivos inconscientes (ou, talvez, até mesmo conscientes e racionalizados) do auto-engrandecimento, da preferência pessoal ou do ressentimento. Em termos ideais, o filho investido do ofício afasta-se da sua mera condição humana e representa uma força cósmica impessoal. Ele é aquele que nasceu duas vezes: tornou-se, ele mesmo, o pai.”
Campbell, Joseph. O herói de mil faces. Pensamento, São Paulo, 2007, p. 133.