“A companheira humilhada caiu em pranto silencioso sobre velha poltrona e começou a pensar, articulando frases sem palavras:
– Negócios, negócios… Quanta mentira sobre mentira! Uma nova mulher, isso sim!… Mulher sem coração que não nos vê os problemas… Dívidas, trabalhos, canseiras! Nossa casa hipotecada, nossa velhinha a morrer!… Nossas filhas cedo arremessadas à luta pela própria subsistência!
Enquanto as reflexões dela se faziam audíveis para nós, irradiando-se na sala estreita, vimos de novo a mesma figura de mulher que surgira à frente de Jovino, aparecendo e reaparecendo ao redor da esposa triste, como que a fustigar-lhe o coração com invisíveis estiletes de angústia, porque Anésia acusava agora indefinível mal-estar.
Não via com os olhos a estranha e indesejável visita, no entanto, assinalava-lhe a presença em forma de incoercível tribulação mental.”
Xavier, Francisco Cândido / André Luiz. Nos Domínios da Mediunidade. Federação Espírita Brasileira, Brasília, 1955, Capítulo 19.