“DISSERAM QUE JESUS era inimigo de Roma e da Judéia.
Mas eu digo que Jesus não era inimigo de nenhum homem e de nenhuma raça. Ouvi-O dizer: “Os pássaros do espaço e os cumes das montanhas não se preocupam com as serpentes em suas tocas escuras.
“Que os mortos enterrem seus mortos. Sede vós entre os vivos, e voai nas alturas.”
Eu não era Seu discípulo. Fui apenas um entre os muitos que O seguiam para contemplar Sua face.
Ele olhava para Roma e para nós, que somos escravos de Roma, como um pai olha para os filhos que se divertem com seus brinquedos e lutam entre si pelo brinquedo maior. E, da Sua altura, Ele ria.
Era maior do que o Estado e a raça; era maior do que a revolução. Era solitário e único, e era um despertar.
Ele chorou todas as nossas lágrimas não derramadas e sorriu todas as nossas revoltas.
Sabia que estava em Seu poder nascer com todos os que ainda não nasceram, e fazê-los ver, não com seus olhos, mas com Sua visão.
Jesus foi o início de um novo reino sobre a terra, e esse reino permanecerá.
Ele era o filho e o neto de todos os reis que construíram o reino do espírito. E somente os reis do espírito têm governado nosso mundo.”
GIBRAN, Gibran Khalil. Jesus, o Filho do Homem. Tradução: Mansour Challita. Associação Cultural Internacional Gibran, 1973, pág. 105.