“MEU AMIGO, tu, como todos os romanos, sabes melhor conceber a vida do que vivê-la. E antes governarias terras do que te deixarias governar pelo espírito.
Vós, romanos, preferis conquistar raças e ser por elas amaldiçoados a permanecer em Roma e ser abençoados e felizes. Não pensais senão em exércitos em marcha e em navios lançados ao mar.
Como podereis, então, compreender Jesus de Nazaré, um homem simples e isolado que veio, sem armas nem navios, estabelecer um reino no coração e um império nos espaços livres da alma?
“Como compreendereis esse homem que não era um guerreiro, mas veio com a força do poderoso éter?
Ele não era um deus, era um homem como nós outros; mas Nele, a mirra da terra subia para encontrar o incenso do céu; e em Suas palavras, nosso balbucio abraçava o murmúrio do invisível; e em Sua voz, ouvíamos uma canção insondável.
Sim, Jesus era um homem e não um deus, e aí está nosso deslumbramento e nosso assombro. Mas vós, romanos, não vos maravilhais senão com os deuses, e nenhum homem vos assombra. Por isto, não com prendeis o Nazareno.
Ele pertencia à juventude da mente, e vós pertenceis à sua idade avançada.”
GIBRAN, Gibran Khalil. Jesus, o Filho do Homem. Tradução: Mansour Challita. Associação Cultural Internacional Gibran, 1973, pág. 98.