“Se Jesus houvesse casado e constituído um lar, a humanidade só teria lucrado com isso, pois ele então deixaria mais uma lição imorredoura da verdadeira compostura de um chefe de família.
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Mas embora ele tenha da Lei do Senhor, evitado formar um lar, jamais condenou ou menosprezou a agrupamento da família, porquanto sempre advertiu quanto à legalidade e ao fundamento da Lei do Senhor, que assim recomendava: “Crescei a multiplicai-vos!” O sangue humano como vinculo transitório da família terrena, tanto algema as almas que se odeiam, como une as que amam no processo cármico de redenção espiritual.
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O Imenso amor de Jesus pela humanidade é que o afastou do compromisso de constituir um lar. (…) Por isso, ao recomendar a terapêutica do “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”, ele mesmo já havia demonstrado esse amor incondicional, que abrange a Família-humanidade.
Isso era um cunho intrínseco de sua alma, pois aos doze anos de idade já respondia dentro do conceito da família universal.(…) “Quem é minha mãe? E quem são meus irmãos?” (…) “Eis aqui minha mãe e meus irmãos. Porque qualquer que fizer a vontade de meu Pai que está nos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe!”
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Quando, no futuro, as virtudes superiores da alma dominarem os interesses e o egoísmo humanos, então existirá uma só família, a da humanidade terrena. Os homens terão abandonado o amor egoísta e consanguíneo, produto da família transitória para se devotarem definitivamente ao amor de amplitude universal, que consiste em “amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”.
Independente da recomendação de Jesus, quando aconselha o “abandono” de pai, mãe, irmão e irmã para o seguirem, a verdade é que os membros de cada família humana também não permanecem em definitivo no conjunto doméstico, pois à medida que se desfolha o calendário terrícola, processam-se as separações obrigatórias entre os componentes do mesmo lar.
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Quem ama o próximo como a si mesmo, ama o Cristo e assim desaparece o amor egoísta de casta, raça e de simpatia ancestral da matéria. Em troca surge o “amor espiritual”, que beneficia todos os membros da mesma parentela e se exerce acima de quaisquer interesses da vida humana isolada, pois diz respeito à vida integral do Espirito Eterno.”
RAMATÍS. O Sublime Peregrino. Obra psicografada por Hercílio Maes. São Paulo: Ed. Conhecimento, 2020, pág. 151-155.