“PERGUNTAS-ME SOBRE os milagres de Jesus.
Cada milhar de milhar de anos, o sol e a lua e a terra e todos os seus planetas irmãos postam-se numa linha reta, e conferenciam juntos por um instante.
Depois, lentamente se dispersam e esperam que passe outro milhar de milhar de anos.
Não há milagres além das estações; entretanto, nem vós nem eu conhecemos todas as estações. E que seria se uma estação se fizesse manifesta na forma de um homem?
Em Jesus, os elementos de nossos corpos e de nossos sonhos ajuntaram-se de acordo com a lei. Tudo o que era perdido no tempo antes Dele, Nele encontrou seu tempo. Dizem que Ele deu vista aos cegos, e fez andar os paralíticos, e arrancou demônios dos loucos.
Talvez a cegueira não passe de um pensamento escuro que pode ser dominado por um pensamento luminoso. Talvez um membro paralítico não signifique senão uma indolência que pode ser estimulada pela energia. E talvez os demônios, esses elementos inquietos de nossa vida, possam ser expulsos pelos anjos da paz e da serenidade.
Dizem que Ele trouxe os mortos à vida. Se me puderdes dizer o que é a morte, então eu vos direi o que é a vida.
Observei num campo uma bolota, uma coisa aparentemente parada e sem utilidade. E na primavera, vi aquela bolota criar raízes e crescer – princípio de um carvalho – na direção do sol.”
GIBRAN, Gibran Khalil. Jesus, o Filho do Homem. Tradução: Mansour Challita. Associação Cultural Internacional Gibran, 1973, pág. 84.