“Marcos escreveu o seu Evangelho com a finalidade precisa de responder à pergunta: “Quem é Jesus?”. O evangelista, porém, não responde com doutrinas teóricas ou discursos de Jesus. Ele apenas relata a prática ou atividade de Jesus, deixando que o leitor chegue por si mesmo à conclusão de que Jesus é o Messias, o Filho de Deus.”
(…)
Toda a atividade de Jesus é o anúncio e a concretização da vinda do Reino de Deus (Mc 1,15). E isso se manifesta pela transformação radical das relações humanas: o poder é substituído pelo serviço (campo político), o comércio pela partilha (campo econômico), a alienação pela capacidade de ver e ouvir a realidade (campo ideológico). Trata-se de proposta alternativa de sociedade, que leva ao nivelamento fraterno das pessoas. Isso provoca a oposição acirrada das autoridades e dos privilegiados, que fazem de Jerusalém e do Templo a sede do
seu poder e riqueza. O resultado do conflito é a paixão e morte de Jesus. Mas Jesus não permanece morto. Ele ressuscita, e sua Ressurreição é a sentença condenatória do sistema que o matou. O livro de Marcos é apenas o começo da Boa Notícia (1,1). O autor deixa claro, portanto, que sua obra não é completa e que, para chegar ao fim, supõe que o leitor tome uma posição: continuar o livro através de sua própria vida, tornando-se discípulo de Jesus.”
Bíblia Sagrada. Edição Pastoral. Paulus Editora, 1990. Versão Kindle, Posição 58664- 58673.