“Quando surgiu entre os apóstolos e Tomé quis tomar-lhe as mãos, isso foi possível devido justamente à faculdade ectoplásmica dos presentes, que lhe permitiu a materialização em corpo inteiro e o êxito da “voz direta”, sob os fulgores da luz sideral.
(…)
Pedro ficara bastante preocupado, depois que ouvira rumores de vândalos e criaturas embriagadas, a soldo do Sinédrio, que se propunham profanar o túmulo de Jesus e arrastar-lhe o corpo pelas ruas. Era intenção dos sacerdotes extinguir qualquer impressão favorável à doutrina e á pessoa de Jesus, evitando quaisquer demonstrações dramáticas que dessem vida e alento à tragédia da cruz. (…) Deste modo, Pedro resolveu pro curar José de Arimatéia e expor-lhe as suas desconfianças; e como o seu amigo também alimentava as mesmas preocupações, transferir o corpo de Jesus para outro local, desconhecido de todos.
Então, após verificarem que a cidade dormia, ambos dirigiram-se ao sepulcro e, munidos de roletes de lenho e alavancas, fizeram deslizar a pedra de entrada mediante esses gonzos improvisados. Em seguida, mudaram as vestes ensanguentadas de Jesus por novos lençóis limpos e incensados. Depois, no silêncio da noite, desceram a encosta do Calvário e sepultaram o corpo num túmulo desconhecido, abandonado no meio do capinzal e de ruínas esquecidas.
(…)
No entanto, Pedro e José de Arimatéia captaram as orientações do Alto e num empreendimento elogiável guardaram absoluto segredo até de Maria de Magdala e da mãe do Amado Mestre, apagando todos os vestígios da mudança.”
RAMATÍS. O Sublime Peregrino. Obra psicografada por Hercílio Maes. São Paulo: Ed. Conhecimento, 2020, pág. 256-257.