“Não é difícil ver como a crença na vida após a morte surgiu. Na raiz disso, estava os sonhos. (…)
Quando o homem dormia, ele estava, aos olhos da sua família e seus amigos, como morto. É verdade que, no sono, ele ocasionalmente se movia e respirava, mas com exceção disso, estava sem vida. Ainda assim, quando acordava ele podia contar que tinha passado a noite caçando na floresta. Podia contar que havia encontrado e conversado com amigos que, na verdade, estavam mortos. Os outros com quem ele falava podiam acreditar nele, pois também tinham vivenciado esses mesmos sonhos, Eles sabiam que ele não havia tirado os pés da caverna, mas também sabiam que ele não estava mentindo. Parecia que o mundo dos sonhos era um mundo material. Havia árvores e montanhas, animais e pessoas. Até os mortos estavam lá, parecendo imutáveis muitos anos após a morte. Nesse outro mundo, portanto, o homem devia precisar das mesmas coisas de que precisava neste mundo.”
Buckland, Raymond. Livro completo de bruxaria de Raymond Buckland: tradição, rituais, crenças, história e prática. Editora Pensamento Cultrix, São Paulo, 2019, pp. 33-34.