“Mudam-se as épocas, mas os homens se repetem, porque a Terra ainda é uma escola de educação primária, cuja turma aprovada no aprendizado do ABC e imediatamente substituída por outro contingente de almas analfabetas e, portanto, nas mesmas condições espirituais dos aprovados anteriormente. Aliás, o próprio Jesus queixou-se de “que ele viera para os seus e eles não o conheceram”, justificando perfeitamente o aforismo “santo de casa não faz milagres”, coisa que tornaria a acontecer hoje, caso ele retornasse à Terra para cumprir tarefas semelhantes.
(…)
Ele contrariava a própria tradição do aconchego íntimo do santuário, uma vez que pregava abertamente em público, junto aos montes, aos lagos, enfraquecendo o poder religioso e a força sacerdotal centralizados nos dogmas religiosos. A natureza era a sua única igreja, pois ele tanto pregava ao povo do cimo de uma colina, sob a fronde de uma árvore, à margem dos rios e dos lagos, como da popa de um barco de pesca. Os seus sermões eram claros, simples e sem mistérios, o que também não agradava aos sacerdotes que se sacudiam nos agitando a atmosfera das sinagogas com os berros de uma altiloquência deliberada sobre o público.”
RAMATÍS. O Sublime Peregrino. Obra psicografada por Hercílio Maes. São Paulo: Ed. Conhecimento, 2020, pág. 231-233.