“(…) a libertação religiosa pregada por Kardec data apenas de um século. Muitas almas, ingressando no Espiritismo, ainda sentem certa dificuldade para se ajustarem completamente aos novos ditames espirituais da nova doutrina, pois a influência de quinze séculos de submissão dogmática à teologia sacerdotal de todos os povos, não pode ser dissipada em algumas dezenas de anos. Allan Kardec, o cérebro libertador da escravidão religiosa, ainda não foi integralmente compreendido em sua ousadia espiritual, quando enfrentou os dogmas seculares que ainda hipnotizam muitas almas temerosas da Verdade.
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Não há mérito nem demérito em admitir ou recusar tal concepção, pois ante o tribunal de Justiça divina, “a cada um será dado conforme suas obras, e não segundo a sua crença.
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Se Jesus exigisse um corpo fluídico, semelhante privilégio implica na a condenação do mecanismo da procriação, mediante a qual Deus proporciona o beneficio da vida humana no orbe.
A lei divina da preservação da espécie é um fenômeno tão sublime e digno de respeito como os demais fenômenos ou maravilhas do Universo. O seu aspecto deprimente em face do conceito humano é produto exclusivamente da mentalidade animalesca do próprio homem, que subverte a ordem natural de uma técnica criadora em atos condenáveis de lubricidade.”
RAMATÍS. O Sublime Peregrino. Obra psicografada por Hercílio Maes. São Paulo: Ed. Conhecimento, 2020, pág. 84-85.