Comunicação digital

“Eu obtenho informações pela internet e, para isso, não preciso me voltar para um de frente pessoal. Eu não me apresento no espaço público para obter informações ou mercadorias. Antes, deixo que elas venham até mim. A comunicação digital me conecta, mas me isola ao mesmo tempo. Ela aniquila, de fato, a distância, mas a ausência de distância não produz ainda uma proximidade pessoal.”

HAN, Byung-Chul.A expulsão do outro: Sociedade, percepção e comunicação hoje. Ed. Vozes, 2022, Local 1232.

Escutar

A negatividade do outro

“A negatividade do outro e da metamorfose [Verwandlung] constitui a experiência em sentido enfático. Ter uma experiência significa “que ela sucede conosco, que ela nos atinge, abate-se sobre nós, nos derruba e nos transforma”. A sua essência é a dor. O igual, porém, não dói. A dor dá lugar, hoje, ao “curtir”, que propaga o igual.

A informação está simplesmente disponível. O saber no sentido enfático, em contrapartida, é um processo mais lento, mais longo. Ele aponta para uma outra temporalidade. Ele amadurece.”

HAN, Byung-Chul.A expulsão do outro: Sociedade, percepção e comunicação hoje. Ed. Vozes, 2022, Local 73-76.

Terror do igual

As informações nos roubam o silêncio

“As informações nos roubam o silêncio, impondo-se sobre nós e exigindo nossa atenção. O silêncio é um fenômeno de atenção. Somente uma atenção profunda produz silêncio. As informações, porém, fragmentam a atenção.”

HAN, Byung-Chul. Não coisas: Reviravoltas do mundo da vida. Ed. Vozes, 2021, Local 1355.

Silêncio

Era trans e pós-humano

“Estamos caminhando para uma era trans e pós-humana na qual a vida humana será um puro intercâmbio de informações. O ser humano está descartando sua condicionalidade, sua facticidade, que, no entanto, é o que faz dele o que ele é. Humano remete a húmus, ou seja, à terra.”

HAN, Byung-Chul. Não coisas: Reviravoltas do mundo da vida. Ed. Vozes, 2021, Local 1146.

A mão de Heidegger

A informação representa a realidade

“Hoje, percebemos a realidade primeiramente em termos de informação. A camada de informação, que cobre coisas como uma membrana sem lacunas, protege a percepção de intensidades. A informação representa a realidade. Mas sua predominância torna a experiência de presença mais difícil.”

HAN, Byung-Chul. Não coisas: Reviravoltas do mundo da vida. Ed. Vozes, 2021, Local 916.

Magia das coisas

O smartphone tira a realidade do mundo

“Hoje, empunhamos nosso smartphone em todos os lugares e delegamos nossa percepção ao dispositivo. Percebemos a realidade através da tela. A janela digital dilui a realidade em informações que então registramos. Não há contato físico com a realidade. Ela é despojada de sua presença. Não percebemos mais as vibrações materiais da realidade. A percepção é desincorporada. O smartphone tira a realidade do mundo.”

HAN, Byung-Chul. Não coisas: Reviravoltas do mundo da vida. Ed. Vozes, 2021, Local 422.

Smarthphone

A identidade

“A identidade hoje é produzida, principalmente, por meio de informações. Nós nos produzimos nas mídias sociais. A expressão francesa se produire significa colocar-se em cena. Nós nos encenamos. Nós performamos nossa identidade.”

HAN, Byung-Chul. Não coisas: Reviravoltas do mundo da vida. Ed. Vozes, 2021, Local 292.

Da posse à vivência

Informação e acesso

“As informações estão se tornando cada vez mais importantes do que os aspectos materiais do produto. O conteúdo estético-cultural de um bem é o produto real. A economia da vivência substitui a economia da coisa.

As informações não se deixam possuir tão facilmente quanto as coisas. A posse determina o paradigma da coisa. O mundo da informação não é governado pela posse, mas pelo acesso.”

HAN, Byung-Chul. Não coisas: Reviravoltas do mundo da vida. Ed. Vozes, 2021, Local 285-287.

Da posse à vivência

Tudo e nada

“Hoje nós corremos atrás de informações sem obter nenhum saber. Tomamos ciência de tudo sem chegar a nenhum conhecimento. Vamos a todos os lugares sem obter nenhuma experiência. Nós nos comunicamos ininterruptamente, sem participar de nenhuma comunidade. Armazenamos imensas quantidades de dados sem buscar memórias. Acumulamos friends e followers sem toparmos com outros. Assim, as informações desenvolvem uma forma de vida sem constância e duração.”

HAN, Byung-Chul. Não coisas: Reviravoltas do mundo da vida. Ed. Vozes, 2021, Local 166.

Da coisa à não-coisa