“Pitágoras reconheceu duas motivações para a ação humana: o poder da vontade e a inelutabilidade do destino. Submeteu ambos a uma lei fundamental chamada Providência, da qual eles emanam.
A primeira motivação é livre, a segunda coercitiva, de tal maneira que o homem se vê colocado entre duas naturezas opostas, mas não contrárias, e indiferentemente boas ou más, de acordo com o modo como são usadas. O poder da vontade atua sobre coisas a fazer ou sobre o futuro; a inelutabilidade do destino atua sobre as coisas feitas ou sobre o passado; e ambas se alimentam incessantemente com os materiais que uma fornece à outra.
Como, segundo esse admirável filósofo, o futuro nasce do passado, o passado é constituído do futuro, e a reunião dos dois engendra o presente eterno, ao qual também devem sua origem: ideia das mais profundas que os estoicos adotaram. Assim, de acordo com essa doutrina, a liberdade reina no futuro, a necessidade no passado e a Providência no presente. Nada que existe ocorre por acaso, mas se deve à união da lei fundamental e providencial com a vontade humana, que a segue ou transgride diante da necessidade.
A harmonia entre vontade e Providência resulta no bem; o mal resulta de sua oposição. A fim de tomar o caminho que deve seguir na Terra, o homem recebeu três forças condizentes com as três modificações do ser, todas ligadas à sua vontade.
A primeira, associada ao corpo, é o instinto; a segunda, devotada à alma, é a virtude; a terceira, pertencente à inteligência, é a ciência ou sabedoria.
Sensação é o sentimento existente no corpo, na alma e no espirito, formando um ternário que, avançando rumo à unidade, constitui o quaternário humano, ou homem considerado abstratamente.”
PAPUS.Tratado elementar de ciências ocultas, Ed. Pensamento, 2022, Pág. 66-67.
Capítulo 3